Sobre a sua imagem, qual impressão que os outros têm?
Carregamos conosco, através das cores, tecidos, formas, linhas e outros recursos, elementos que podem influenciar na impressão que transmitimos aos outros e nos resultados que alcançamos na vida pessoal e profissional.
"Ah, você que é o médico?" Pausa constrangedora. Atendi um cliente, há cerca de dois meses, que gostaria de entender porque alguns pacientes, quando o conheciam, ficavam surpresos ao descobrir que ele era, sim, médico. No caso dele, um homem de 31 anos, não foi difícil descobrir porque estava causando esta primeira impressão. Gostava de trabalhar, sempre que lhe era permitido, de camiseta polo listrada, jeans e a famigerada sandália "croc". Todos mensageiros visuais extremamente informais e não necessariamente ligados ao profissional médico. Somos seres extremamente visuais, e o tipo de roupas e acessórios utilizados pelos médicos influencia no modo como a relação médico-paciente se estabelece.
Em 2013, foi divulgada pesquisa (Clique aqui para acessá-la) realizada com 259 pacientes, 119 estudantes e 99 médicos, respondendo questões relativas a um painel de fotos de médicos vestidos com roupa branca, avental branco, avental social, formal, informal, casual e centro cirúrgico. Eles ainda registraram seu grau de desconforto frente uma lista de 20 itens de aparência para profissionais de ambos os sexos.
“Os resultados obtidos mostram que todos os grupos consultados avaliam melhor profissionais que adotam estilos de vestimenta tradicionalmente ligados com a prática da Medicina. Todos os grupos referiram elevado grau de desconforto com profissionais que exibissem elementos de aparência excessivamente liberais. (...) O uso da vestimenta inteiramente branca parece ser opção satisfatória no Brasil”.
Ou seja, quando o médico não utiliza, em sua aparência, os mensageiros visuais que transmitem credibilidade, profissionalismo, cuidado e higiene, características importantes relacionadas a esta profissão, o grau de rejeição tende a aumentar.
Mas afinal, o que são mensageiros visuais citados por diversas vezes aqui? São elementos em nossa aparência, como cores, texturas, estampas, linhas e formas, que transmitem informações a nosso respeito para as pessoas ao nosso redor.
Por isso, voltando à pesquisa e ao meu cliente, é notável como os pacientes se sentem desconfortáveis quando o médico que elas encontram não corresponde à ideia que elas têm de médico.
Segundo o estudo, todos os participantes sinalizaram elevado grau de incômodo para o uso de shorts e bermudas, muitos anéis, piercing facial, sandálias, cabelos de cor extravagante e cabelo comprido, em referência aos homens, ou barriga de fora, saia curta, brincos e maquiagem carregada, no caso das mulheres.
Para além da impressão sobre a roupa, existe um porquê de médicos usarem e serem associados às roupas brancas. É mais confortável no calor, pode ser usado sem mangas longas, provoca impressões de profissionalismo e higiene nos pacientes e, ao ser trocado e lavado todos os dias (até porque a cor branca suja com muito mais facilidade), minimiza o risco de transmissão de infecções.
O exemplo, hoje, foi sobre o profissional médico, mas tais conclusões podem ser aplicadas a todas as profissões. No entanto, é imprescindível ressaltar que, embora a aparência possa ser importante imediatamente antes e nos momentos iniciais do contato, a atitude e o comportamento demonstrados pelo profissional durante a consulta ou em qualquer relação de profissional, são os fatores realmente determinantes para uma avaliação final positiva.
E é por isso que a consultoria de imagem trabalha os três pilares: aparência, comportamento e comunicação. Porque de nada adianta uma boa aparência sem os demais, e vice-versa.
Nesta coluna, falarei sobre estratégias a respeito destes três elementos para que consigam transmitir as mensagens que desejam, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, e assim, atingir seus objetivos.
Até a próxima.
(*) - Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial.
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