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Em Pauta

A Argentina é o único país da América Latina a não contar o número de pobres

Mário Sérgio Lorenzetto | 02/04/2015 07:45
A Argentina é o único país da América Latina a não contar o número de pobres

Número de pobres deixou de ser contado na Argentina.

O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, se meteu em uma confusão quando indagado dos motivos que levaram o governo a deixar de medir o número de pobres em 2014. Entre 2007 e 2013, os números oficiais foram criticados com a acusação de serem subestimados. O ministro que foi professor de marxismo na Universidade de Buenos Aires, respondeu: "A quantidade de pobres existentes é uma pergunta muito complicada. Não tenho o número de pobres, me parece uma estatística que provoca muito estigma". Eclodiu uma grande polêmica com a oposição. A Argentina passou a ser o único país da América do Sul a não fazer essa contagem. Talvez a ideia ultrapasse a fronteira e venha para terras brasileiras.

A Argentina é o único país da América Latina a não contar o número de pobres
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Na Argentina o povo está multando infratores de trânsito.

Flagrar o infrator e multar passou a ser comum em Buenos Aires. Há 4 meses a prefeitura da capital argentina colocou em funcionamento um aplicativo de celular que permite que o cidadão comum denuncie os motoristas que estacionam em lugares reservados a pedestres, ciclistas ou aos preferenciais (cadeirantes e idosos). Só é preciso tirar uma foto do automóvel, escrever o endereço da infração e o número da placa do automóvel e enviar os dados para a prefeitura. Já enviaram mais de 7.000 denúncias. E quase a metade delas foi convertida em multa. Só está faltando a prefeitura fazer um agradecimento público, algo assim: " Agradecemos que faça por nós o que nós não conseguimos fazer como poder e obrigação". Será mero dedo-durismo ou uma boa ação participativa de um dos tantos serviços que as prefeituras latino-americanas não são capazes de exercer com boa qualidade?

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A terceirização será votada na Câmara Federal no dia 07 de abril.

Antiga pauta das entidades empresariais, o projeto de lei para regulamentar a terceirização vai a voto no dia 07 de abril sem acordo com as centrais sindicais, que acusam mais uma ofensiva para retirar direitos dos trabalhadores em um momento de crise.

A CUT, ligada ao PT, é conceitualmente contra a terceirização. A CTB, próxima ao PC do B e PSB, defende que os terceirizados possam trabalhar apenas nas chamadas atividades-meio, como serviços de segurança e limpeza, e não nas atividades-fim. Por outro lado a UGT e a Força Sindical, ligadas à oposição ao governo federal, têm como principal ponto de divergência a definição de quem representará os terceirizados. O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha acusa um motivo monetário e não ideológico como obstáculo para o acordo - ele diz que a briga é somente pelo imposto sindical, as centrais sindicais querem que esse imposto fique para o sindicato da empresa preponderante, e outros defendem que vá para o sindicato que está fazendo a terceirização.

A Argentina é o único país da América Latina a não contar o número de pobres
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Andar de ônibus é politicamente incorreto no Brasil.

Uma foto da atriz Lucélia Santos, que ficou internacionalmente conhecida pelo seu papel na novela Escrava Isaura (1976), ganhou enormes dimensões nas redes sociais, sites de fofocas e portais. A causa de tanta celeuma é que a foto foi tirada com ela andando em um ônibus no Rio de Janeiro. Comentários do tipo "não está fácil para ninguém" pipocaram. Como se andar de ônibus fosse sinal de decadência em qualquer país do mundo. Mas no provincianismo brasileiro de cada dia, é assim que as pessoas enxergam o uso do transporte coletivo.

É claro que as péssimas condições oferecidas pelos ônibus inibem, na prática, o uso de transporte. Ônibus velhos, sem conforto, ultra abarrotados de pessoas, atrasos, falta de pontos de paradas minimamente humanizados e todas as demais condições que todos conhecemos, em nada auxiliam. A novidade (nem tanta) está na clara e despojada opção pelo individual em detrimento do coletivo em uma população com valores contraditórios. Em uma época de manifestações em defesa dos direitos civis, rotular negativamente uma pessoa por andar de ônibus, anda na contramão de qualquer passeata. Todo mundo anda de ônibus e metrô quando viaja aos Estados Unidos ou Europa, mesmo quando ultra abarrotados. É chique e descolado. Aqui, uma atriz andar de ônibus, vira motivo de piada.

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A longa jornada dos haitianos para o Brasil.

Uma imensa fila de haitianos vem saindo de seu país após o terremoto de 2010 para o Equador. Na capital equatoriana, Quito, permanecem o tempo que demorar para a Embaixada do Brasil, o destino final, emitir seus vistos (entre dois e quatro meses). A embaixada brasileira em Quito expede a cada mês cerca de 200 vistos para haitianos, ao custo de US$ 200 (em torno de R$700). Esse procedimento vem ocorrendo para frear a entrada de haitianos ilegalmente no Brasil. Eles iam do Haiti para a República Dominicana, em seguida tomavam um avião para o Panamá e outro para o Equador, para ingressar na América do Sul, pela simples razão de que o Equador não exige visto. Depois iam para a fronteira do Peru com o Brasil e entravam pela Amazônia.

O Acre, mais especificamente a cidade de Brasiléia, tornou-se o ponto de entrada dos haitianos que pediam refúgio, e em pouco tempo a pequena e pobre cidade entrou em colapso. Para conter o fluxo desordenado de migrantes, dos quais as redes de tráfico de pessoas cobravam entre US$ 3.000 e US$ 7.000, o Conselho Nacional de Imigração do Brasil decidiu conceder vistos de caráter humanitário para haitianos que ainda estivessem em seu país. O teto era de 100 vistos por mês. Só que o limite de 100 pessoas era baixo, e o Brasil decidiu conceder vistos livremente para os haitianos, porém de forma organizada. As três embaixadas encarregadas de emitir tais vistos eram as da República Dominicana, Peru e Equador. Em pouco tempo a Embaixada situada na República Dominicana não suportou a fila, os haitianos que vivem ao lado desse país (República Dominicana e Haiti dividem uma só ilha) abarrotaram o escritório. Em compensação, o de Lima não teve procura, pois os haitianos precisam de visto para entrar no Peru.

Desde 2013, a embaixada em Quito já emitiu 4.500 vistos para haitianos, mas a rota da ilegalidade continua aberta uma vez que o Brasil não deporta nenhum deles. Atualmente, calcula-se que existam 50.000 haitianos no Brasil, dos quais 17.000 chegaram com visto e somente 14.000 foram incorporados ao mercado de trabalho, especialmente na construção civil e na indústria de processamento de carne. Agora, as autoridades brasileiras detectaram que em Quito começam a surgir novas filas de outra nacionalidade - milhares de senegaleses estão tomando a mesma rota dos haitianos para chegar ao Brasil. Em Quito os haitianos e senegaleses são rejeitados, a sociedade equatoriana trata mal os seus próprios índios e os poucos negros. A cor da pele é notada no Equador. A presença de tantos haitianos e senegaleses levanta suspeita entre os donos das habitações onde eles se hospedam.

Eles vivem mal, estão de passagem, em seus apartamentos praticamente não existem móveis, há somente colchonetes espalhados pelo chão. Suas malas estão fechadas, como se fossem partir imediatamente. Ficam apenas os sapatos e as roupas que foram lavadas e foram postas para secar. Eles não têm dinheiro nem para sair e conhecer a cidade. Trazendo o dinheiro exato para pagar o visto e a viagem. Não podem trabalhar no Equador porque entraram como turistas e ninguém os contrata, a cidade não deseja a permanência dessa multidão. Os poucos que conseguem algum dinheiro o fazem no setor informal da economia. Alguns vendem sucos nas ruas e parques. Outros tomam conta de carros nas ruas da cidade, enquanto esperam para seguir caminho. O Brasil é, para eles, a terra da oportunidade. O país onde o bem estar poderá ser conquistado e promover o esquecimento do horror causado pelo terremoto.

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