A arte de causar uma boa primeira impressão
Uma chispa. É esse o tempo que nosso cérebro leva para ter uma boa ou má primeira impressão. Graças aos mecanismos biológicos que nos ajudam sobreviver, um instante é tudo que levamos para determinar se o vizinho que acaba de mudar-se ao lado, o encarregado de fazer uma entrevista para contratação na empresa, o funcionário que te atende na concessionária de automóveis ou o policial que te viu às duas horas da madrugada andando na rua, merecem confiança. A primeira impressão se forma em um instante e, não se engane nem seja enganado, você praticamente não participa dela. O processo mental que a desenha é automático e quase nunca é mudado.
Posso confiar nessa pessoa?
Segundo a professora da Escola de Negócios de Harvard, Amy Cuddy, a maior experta em primeiras impressões, quando conhecemos alguma pessoa queremos extrair resposta para duas questões básicas: Posso confiar nessa pessoa? Posso respeitá-la?
Com estas perguntas, Cuddy resume um fenômeno de grande complexidade no qual participam inumeráveis pistas e que pode ser um pouco mais complicado que revelar essas duas incógnitas. A boa notícia é que se você conhecer bem os mecanismos que intervem nesse processo poderá tocar as teclas a teu favor para a melhor das primeiras impressões que for possível.
Sistema límbico cerebral é o que chamamos de "instinto".
A ciência chama de sistema límbico o que os comuns mortais chamam de intuição. Esse processo mental da primeira impressão funciona como um interruptor de lâmpadas. Acende e apaga. É a busca de nossa adaptação ao entorno para facilitar a sobrevivência. Se alguém que foi criado com pessoas que falam muito baixinho e, de repente, mantem uma conversação com alguém que fale muito alto, a primeira impressão será de surpresa e de desagrado. É um condicionamento que depende de nossa experiência prévia. O lugar onde essas experiências emocionais ocorre é no sistema límbico. Um conjunto de estruturas cerebrais encarregadas de processar as emoções, que atribuem valor positivo ou negativo às experiências que nos expomos. A amídala - uma das estruturas mais importantes do sistema límbico - detecta as características que são ameaçantes para nós: não somente expressões faciais, mas também imagens, cores, odores, sabores, sons, expressões corporais...
Para começar, procure mostrar-se sociável.
Quando o sistema límbico - a intuição - é acionado, teu cérebro vai ao arquivo a velocidade próxima à da luz, busca uma referência de alguém que tenha conhecido e a compara com quem está vendo. O primeiro diagnóstico é saber se essa nova pessoa é sociável ou não. Essa decisão nos ajuda a saber se a pessoa é amiga ou inimiga. São juízos apressados e perigosos, mas de nada adianta reclamar, assim funciona nosso cérebro. Basta um só ato frio da pessoa para que decidamos em seu desfavor. E tudo se torna muito mais difícil se decidirmos que essa pessoa é fria. Qualquer ação calorosa depois do primeiro contato, será entendida como "com segundas intenções", sedimentará em nosso cérebro o primeiro diagnóstico. O sistema límbico ficará nos atormentando: "essa pessoa nos apunhalará pelas costas".
Primeira impressão é como os truques de sedução.
O treinamento possível para causar uma boa primeira impressão é razoavelmente simples. Olhar nos olhos, dar as mãos, beijar, usa um tom de voz médio-alto. Também treine como começar uma conversação e como terminá-la. Treine. Sem treino, jamais causará uma boa primeira impressão. Afinal, é uma questão de prática, o mesmo que os bons amantes sabem o que sucede com os truques de sedução. Mas também há um ponto chave: tendemos a sentir mais simpatia ou atração com pessoas que são semelhantes a nós.