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Em Pauta

A aversão à máscara origina-se da masculinidade tóxica

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/10/2020 08:29
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O momento crucial para não usarem máscara veio com um marinheiro norte-americano. O machão tuitou uma foto sem máscara de si mesmo com a legenda: "Não sou bu.....". Ela afirmava que o homem que usasse máscara era o genital feminino. Essa imagem criou o divisor de águas entre os que se cuidam e os que preferem correr o risco da morte. Ainda que pouco conhecida no Brasil, essa imagem de fracos - os mascarados - e fortes - sem máscara - tomou conta da nação.


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Homens não se protegem.

O fato do uso de máscara ter se tornado uma questão de masculinidade, ainda que tóxica, não surpreende os pesquisadores de saúde pública. Um estudo do laboratório de Los Alamos, de 2016, mostrava que os homens, no planeta, tinham menos possibilidades de adotar comportamentos de proteção, como lavar as mãos, distanciar-se socialmente e usar máscaras. Mais recentemente, três novos estudos, publicados pela Cambridge University - chegaram às mesmas conclusões. É uma imagem muito antiga de um homem que ainda dependia da força muscular. Músculos contra cérebros. Imagem de homens fracos mentalmente que desejam se apresentar como fortes.


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"A única forma de ter dignidade é não ser mulherzinha".

O que as sociedades ocidentais estão ensinando aos homens? Ensinam que a única forma de ter dignidade é não ser mulher, não ser fraco, não ser gay. Também ensinam que "homem que é homem" sempre bate primeiro e nunca se apresenta como vulnerável ou carente. É essa maneira de ensinar aos homens que vem levando à quantidade épica de abusos e agressões que as mulheres enfrentam e, na verdade, não funciona para a imensa maioria dos homens.


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Hora do ajuste de contas das três supremacias.

Supremacia branca, supremacia masculina e supremacia dos milionários. Esta é a hora do ajuste de contas das três supremacias - que se entrelaçam - com os direitos humanos. Este é o momento em que a masculinidade retoma o poder - perdido por pouquíssimo tempo. Mas é uma era de extremos. Estávamos submersos em uma crítica atordoante ao masculino, quando somente mulheres e gays tinham voz e poder. Passamos ao inverso. Passamos ao extremo do machismo. É o mesmo extremo para a cor da pele e para a riqueza individual. Ainda há pouco, o branco e o rico tinham de entrar em uma caverna e silenciar. Agora, berram.

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