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Em Pauta

A extinção de lobos está conectada à destruição dos rios

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/05/2023 08:15
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Todos os rios do Mato Grosso do Sul correm perigo. Todos. Não há uma só exceção. A versão atual dessa destruição é cobrada dos fazendeiros que desmatam. No Pantanal, desmatam para plantar soja; no cerrado, a criação de vacas é a responsável. Também atacam o ecoturismo de Bonito e Bodoquena. Há, no momento, uma fiscalização para descobrir os destruidores do rio da Prata, um dos mais belos do Estado. A destruição de nossos rios, todavia, não é tão simples como imaginam os bem intencionados. As conexões da natureza, pouco conhecidas, são fundamentais.


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Uma história de extinção de lobos nos ensina.

Os lobos são um exemplo maravilhoso de como as conexões da natureza podem ser complexas e determinantes da destruição de rios. Surpreendentemente, esses predadores são capazes de alterar margens de rios e mudar o curso da água. O exemplo vem de Yellowstone, o primeiro parque para conservação dos EUA. Os fazendeiros começaram a erradicar os lobos da reserva, preocupados com seus rebanhos de vacas. A última matilha foi aniquilada em 1.926. E essa matança quase destruiu os rios da reserva.


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A população de alces explodiu.

Sem os lobos, a população de alces explodiu. Grandes áreas do parque foram devastados pelo excesso de alces. O impacto sobre as margens dos rios foi especialmente grande. A grama, apetitosa para os alces, que ficava à beira da água desapareceu, junto com todos os brotos que cresciam ali. A paisagem desolada não oferecia comida suficiente nem aos pássaros. Os castores também saíram perdendo, porque, além da água, também dependiam das árvores que cresciam nos arredores. Salgueiros e álamos são algumas de suas comidas prediletas. Como todas as jovens árvores foram parar nos estômagos dos alces, os castores passaram fome e desapareceram. E as piscinas de castores, que filtram e reduzem a velocidade da água, desapareceram.


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A destruição dos rios.

As margens ficaram devastadas, e, na ausência de vegetação para proteger o solo, enchentes sazonais levavam embora quantidades cada vez maiores de terras e, com isso, a erosão dos rios avançou rapidamente. Como resultado, os rios começaram a formar mais meandros, seguindo rotas tortuosas. O efeito serpentina é prova cabal da destruição de rios, algo que os bem intencionados preservadores do ambiente não levam em conta. Essa situação só mudou quando perceberam que a extinção dos lobos estava matando o Yellowstone. Lobos capturados no Canadá foram soltos no parque norte-americano para recuperar seu equilíbrio ecológico. Os cientistas chamam esse fenômeno de "cascata trófica". Em resumo, isso significa que a cadeia alimentar muda todo o ecossistema.

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