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Em Pauta

A grande orquestra pantaneira e o surubim professor de ciências

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/01/2023 08:00
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O Pantanal não é apenas um belo ecossistema para os olhos. Há nele uma imensa orquestra, um coro, daqueles de primeiro mundo, de deixar o "queixo caído". O Pantanal acorda cedo. Antes mesmo do nascer do sol, um concerto prepara sua chegada. Cada animal começa a cantar. Na penumbra, os aracuãs começam uma versão do cocoricó semelhante ao dos galinheiros. Depois, é a vez dos líricos bugios. Aos primeiros raios de sol, surge o vibrato das araras, os vocalises do mutum e os gorgolejou das garças. Ribombam cantos que você não ouvirá em lugar algum do mundo. Mas nem tudo é som no Pantanal. Há ciência silenciosa. Profunda.


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Os tagarelas dos rios pantaneiros.

Os peixes pantaneiros são tagarelas. Compõem um rock endiabrado. A corvina toca a bateria, bate no próprio ventre como fizemos quando crianças. Sua bexiga natatória, uma bolsa cheia de ar, acentua o eco de seu tambor ventral. Alguns bagres tocam xilofone com seus ferrões. Outros grunhem, berram ou cantam. Quando o dia nasce no Pantanal, os dois mundos, da terra e da água, o recebem com uma saudação musical.


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Professor surubim ensina ciências para o mundo.

Todos conhecem Alan Turing, o famoso cientista inglês que, durante a Segunda Guerra Mundial, deu largos passos para termos computadores em nossas mesas. Mas há uma teoria de Turing pouco conhecida. Turing teve uma ideia muito original. Ele imaginou que os pigmentos da pele de todos os animais se comportariam como presas e predadores e variaram, de acordo com essa regra, de acordo com o tamanho de cada indivíduo e com sua idade. Turing, um homossexual em uma Inglaterra que matava gays, morreu após ser forçado a uma castração química e não conheceu o surubim pantaneiro. Foi esse nosso belíssimo peixe que comprovou que a teoria de Turing estava certa. Só em 2020 os cientistas descobriram as provas de como funciona a pigmentação animal. A prova veio do estudo dos surubins, foi esse peixe que acabou com o mistério das cores de peles e penas animais. Vale a pena conhecer essa história e a ciência das cores dos animais. Mas corram. Corram velozmente, os desmatadores e incendiários estão destruindo o Pantanal. E continuarão. Os governantes falarão muito, mas permitirão a destruição.

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