Além da Coronavac e Oxford, talvez venha aí Sputnik V e Jansen
200 milhões de infectologistas. Em um ano, o Brasil alcançou a marca inacreditável de 200 milhões de entendidos em coronavírus, medicamentos, tratamentos e, agora, vacina. São torcedores. Em dezembro, com o início da vacinação na Inglaterra, outra onda de novos entendidos. A vacina da Pfizer deveria ter sido adquirida pelo governo federal, proclamaram. Mesmo sabendo da inviabilidade logística e falta de dinheiro, queriam tomar a vacina da Pfizer. Vacinas de Oxford e Coronavac, nem pensar. Mas não há o que debater. As vacinas que tomaremos serão essas duas.
Bolsonaro e Dória acertaram na escolha das vacinas.
São ótimas para a realidade brasileira. Elas têm logística simplificada e preços razoáveis, compatíveis com os cofres governamentais quebrados. Caso não existisse o duelo entre Bolsonaro e Dória, todos enxergariam que ambos acertaram nas escolhas dessas duas vacinas. Basta ver o que está acontecendo na Europa e nos EUA: não estão conseguindo vacinar, estão estocando vacina, para cada três doses de vacina, só uma pessoa está vacinada. Além delas, há uma remota esperança de que o Brasil receba as vacinas Sputnik V e da Jansen.
Conheça a Gamaleya, a empresa da Sputinik V.
O governo da Rússia anunciou a aprovação de um imunizante contra o coronavírus ainda em agosto, antes mesmo do início da fase 3 de testes. Batizada de Sputinik V, a vacina é desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, ligado ao Minida Saúde russo. É uma vacina muito semelhante à de Oxford, requer duas doses e é baseada em adenovírus. Em novembro, anunciaram que essa vacina apresentou 90% de eficácia.
O Instituto foi fundado em 1891, como um laboratório privado. Foi estatizado pela Revolução Russa e mudou de nome, passando a homenagear Nikolai Gamaleya, o pioneiro nos estudos de microbiologia na Rússia, um dos melhores do mundo. Durante o domínio soviético, esse instituto era responsável pelas vacinas contra cólera, difteria e tifo. Desde 1980, estão na ponta das vacinas contra ebola, MERS (uma síndrome respiratória que acometeu populações do Oriente Médio) e influenza. A empresa farmacêutica brasileira União Química anunciou um acordo com o Instituto russo para produzi-la em 2021.
A Jansen é da Johnson & Johnson.
Para muitos, basta informar que a Jansen é um braço da multinacional Johnson & Johnson. Uma empresa que goza de enorme credibilidade em todo o ocidente. O governo brasileiro vem conversando com os representantes da Jansen, sem apresentar maiores dados. Desperta esperança que venhamos a ter essa vacina no portfólio brasileiro. Mas há, pelo menos, dois obstáculos a serem superados. O primeiro é alvissareiro. A Jansen está testando sua vacina para ser administrada em uma só dose. Mas, sem dar maiores explicações, iniciou os testes com duas doses. O segundo obstáculo é péssimo. A Jansen espera produzir 500 milhões de doses nos próximos meses. Já vendeu 200 milhões para a União Europeia e acaba de vender outros 200 milhões. Talvez restem tão somente 100 milhões de doses para ser negociadas com todos os países do mundo.