Cerveja era feita por mulher. As bruxarias as tiraram do mercado
As 10 maiores cervejarias do mundo são chefiadas por CEOs do sexo masculino e têm, em sua maioria, membros do conselho somente do sexo masculino. As principais cervejarias tendem a fazer propaganda de cerveja voltadas somente para os homens. Alguns estudiosos de marketing chamaram as propagandas de cerveja de "manuais para homens". Mas nem sempre foi assim. Até os anos 1500, a fabricação de cerveja era quase exclusividade feminina. Esse quadro mudou quando uma gigantesca campanha de difamação passou a acusar as mulheres cervejeiras de serem bruxas. Os ícones que até hoje associamos às bruxas nada tem a ver com essa prática. Chapéus pontudos, gatos, caldeirões e vassouras, eram símbolos de mulheres cervejeiras e não de bruxas.
Visitando um mercado medieval.
Se existisse máquina do tempo, o primeiro lugar que visitaria seria um mercado medieval. Lá chegando, você veria uma cena estranhamente familiar: mulheres usando chapéus altos e pontudos, em muito casos, elas estariam diante de grandes caldeirões. Apesar do teu susto, elas não eram bruxas, eram cervejeiras. Usavam chapéus altos e pontudos para que seus clientes pudessem vê-las nos mercado. Dentro de suas lojas, criavam gatos. Mas eles nada tinham a ver com bruxaria, eram apenas ótimos caçadores de ratos, que adoram devorar os grãos usados para fabricar cervejas.
Os religiosos fundamentalistas as queimaram vivas.
Eles somem e reaparecem. Não há um longo período da história humana em que os fundamentalistas religiosos não tenham dado as cartas na política e nos costumes. A Santa Inquisição foi um desses períodos onde o obscurantismo dominou... e assassinou. Judeus e mulheres eram suas vítimas diárias. Os religiosos necessitavam roubar as fortunas dos judeus e eliminar as mulheres na férrea disputa por poder e dinheiro que travavam com os conventos de freiras. As primeiras vítimas foram as mulheres cervejeiras. No século XVI, enquanto Colombo embarcava em suas "cascas de nozes", como eram chamadas as caravelas pelos chineses, as estradas da cristandade estavam lotadas de judeus expulsos de suas terras e os homens começavam a ocupar o lugar das mulheres cervejeiras nos mercados europeus. E nunca mais lhes devolveram... Poucas cervejeiras saíram da perseguição vivas.
Desde a Idade da Pedra cerveja era coisa de mulher.
Os humanos bebem cerveja há quase 7.000 anos. Os cervejeiros originais eram mulheres. Dos vikings aos egípcios, as mulheres fabricavam cerveja tanto para as cerimônias religiosas quanto para fazer uma bebida (ou comida sólida) prática e rica em calorias para o lar. A cerveja não tinham o caráter atual, era um alimento básico. Uma forma barata de consumir e preservar os grãos. Para os trabalhadores, era uma importante fonte de nutrientes, rica em carboidratos e proteínas. A fermentação era uma das tarefas domésticas comuns às mulheres. Algumas eram mais hábeis na fabricação da cerveja e começaram a vendê-las nos mercados. A ideia foi copiada em toda a Europa. Viúvas e solteironas passaram a desenvolver essa habilidade para ganhar algum dinheiro. O processo exigia tempo e dedicação. Horas para preparar a cerveja, limpar o chão, levantar pesados feixes de centeio e grãos... Até que veio a proibição. Os homens da Inquisição proibiram as mulheres de se envolverem na produção e venda da cerveja. Parece que a perseguição começou em Chester, na Inglaterra e dominou o mundo ocidental.