De Jesus se ignora o nascimento, infância e juventude
Determinar a identidade de uma pessoa supõe normalmente a busca de suas origens. Não obstante, igual à quase totalidade das pessoas do mundo antigo, de Jesus se ignora quase tudo relativo ao nascimento, infância e juventude. A imensa maioria dos teólogos e historiadores afirmam que os "evangelhos da infância", de Mateus e Lucas são apenas uma bela e piedosa lenda.
A lista do desconhecido.
A análise das fontes lançam dados magros. Seu nascimento oscila entre quatro a oito anos antes da morte de Herodes o Grande. O nome de seus pais é Maryam e Yousef. Seu lugar de procedência parece ter sido a diminuta Nazaré, na Baixa Galiléia. Não há possibilidade alguma de ter sido em Belém. Sua língua provavelmente foi o aramaico. As autoridades falavam o latim. Os documentos governamentais eram escritos em grego. O povo falava aramaico e os rabinos do Templo, liam a Torá - a Bíblia judia - em hebraico. Seu nome era Yeshú ou Yeshúa, uma forma abreviada de Yehoshúa e era muito comum. Pertenceu a uma família numerosa. As fontes mencionam suas irmãs e irmãos, estes últimos, pelo nome. Parece ter sido um artesão, mas talvez um carpinteiro ou um pedreiro. A mais recente hipótese é de que foi um empreiteiro.
Jesus "nasceu" em seu batismo.
Pode parecer estranho para muitos, mas o Jesus dos teólogos e historiadores só "nasce" no momento de seu batismo, aos 30 anos. O judeu Jesus, que daria origem ao futuro cristianismo, nasceu sem cantos de anjos e magos saídos do Oriente. "Nasceu" nas águas do pequeno rio Jordão. O 24 de dezembro foi escolhido muito tempo depois pela igreja porque era a grande festa de Roma, a festa do deus Sol.
Era analfabeto?
Ultimamente alguns defenderam que Jesus era analfabeto. Faz sentido, mas é uma ideia falsa. Na Roma e Atenas de seu tempo, apenas 5% da população sabia ler. Acreditam que em sua pobre região, eram ainda menos, talvez 3%, apesar de os judeus serem os homens do Livro. O mistério está em saber como Jesus conhecia tanto após viver em um pequeno povoado durante muito tempo. Aos 30 anos, se mostra capaz de discutir com os doutores da lei, conhecia profundamente os textos sagrados do judaísmo, várias culturas como a grega e outras religiões como o budismo. Era tão culto que intelectuais como Nicodemos iam discutir com ele. Nasce assim, as hipóteses de ter vivido no Egito e na Índia.
O belo nó dado nos gregos sobre a beleza física.
Quando os apóstolos lhe apresentam um grupo de gregos usa uma fina ironia. Da um nó no pensamento grego, tão adorado em nosso tempo. Sabendo que para os gregos a beleza corporal era fundamental e critério de poder, Jesus lhe conta a parábola da semente. Se ela não apodrecer na terra e não for coberta de esterco, não nascerá e não dará frutos. O oposto dos critérios de beleza que muitos resolveram adotar do pensamento grego.
Então, por que comemorar o Natal?
Se ele não nasceu na manjedoura, em Belém, no dia 24 de dezembro, porque comemorar o Natal? Sim, porque essa lenda leva em suas entranhas a vontade do ser humano de parar uma vez por ano para comemorar a vida, para apostar na paz. Um parênteses ao perdão e à aceitação dos outros, principalmente dos diferentes. Não foi por perdoar prostitutas e perversos e tocar leprosos que resolveram matá-lo? Onde e quando nasceu é o que menos importa. Dia de parar. Parar para pensar que é mais fácil matar e mandar matar que amar e perdoar. Belo dia de Natal.
