Economia: o começo de ano promete ser de muita emoção
O aumento de 7,7% do PIB no terceiro trimestre trouxe algo que se tornou corriqueiro. Enquanto o ministro da Economia solta fogos de alegria, o mercado faz um muxoxo de decepção, esperava um crescimento de, pelo menos, 9%. Entre os dois, há dois fatos irretorquíveis: o setor de serviços, mola mestre da economia brasileira, foi mal. É nele que está um dos maiores incêndios. O segundo, é a quase impossibilidade de termos um bom quarto trimestre devido à nova onda do coronavírus. Ainda que pequeno, a economia certamente levará outro tranco no fim de ano. Bem, mas este ano já acabou (ainda bem). Como iniciaremos o 2021?
Com muitas emoções, essa é uma certeza.
O começo de 2021 promete ser de muita emoção - no sentido negativo da palavra. Se por um lado há a perspectiva das duas vacinas para o primeiro trimestre, ao mesmo tempo o governo não tem dinheiro para continuar bancando o auxílio emergencial. Mas se o governo resolver continuar com esse auxílio, terá de se endividar ainda mais, criando uma pancada nos interesses do mercado. Não adianta fugir, o governo terá de escolher: auxiliar pobres e desvalidos ou os interesses do mercado. Mais uma vez terá de resolver - verdadeiramente - por uma política. Aquela dos xingamentos fáceis não tem público, está fora de moda.
Os eternos estímulos fiscais têm vida curta.
Criar ou manter estímulos fiscais só serve para um curto instante, têm vida curta. Ao renovar ou criar estímulos para pobres ou para empresários, o governo jogará o problema fiscal lá para a frente, apenas adiará a trombada com a falta de dinheiro em seu caixa. A dívida pública já está em um nível difícil de ser rolada. A política monetária que vem sendo bem conduzida pelo Banco Central, de juros baixos, facilitador de linhas de crédito, poderá derrapar.
A questão do consumo familiar.
A alta que o IBGE trouxe no consumo das famílias era esperada. Mas veio abaixo do que o mercado dava como certo. E estamos falando de uma sociedade que teve o auxílio emergencial do governo. E aí fica um gosto amargo do que será o começo de ano. Com a taxa elevadíssima de desemprego, não há como esperar bons números no consumo familiar.
A crônica deficiência de investimentos.
O investimento também aumentou menos do que tinha caído. O governo continua devendo nessa conta desde Dilma. A deficiência de investimento é crônica e está ficando cada vez pior.
Em linhas gerais, o IBGE apresentou o PIB com números positivos, mas dentro do contexto geral em que vivemos, continuam dramáticos. Privatizações, reforma administrativa só para alguns, reforma tributária........o que era sonho virou pesadelo. Não há fogos de artifício para comemorar.