Lula, o "anjo", retorna do suplício brandindo a espada de fogo
Não faz muito tempo, em setembro do ano passado, Lula apresentava à nação o "Plano Nacional de Reconstrução e Transformação do Brasil". Ninguém leu o longo documento com 210 paginas. Ninguém o debateu. Esta coluna dizia então que, nada é pior para um político que a ausência de debate. O ostracismo de Lula era acachapante. Nada tendo a fazer, foi passear em Cuba e, depois, se enfurnou em seu apartamento. Garantia então que não seria candidato em 2022. Chegou a promover seu poste no número 2 (o poste número 1 foi Dilma). Pediu a Haddad que corresse estrada, se lançasse à presidência... e foi repudiado, dentro e fora do PT.
A canetada de Fachin.
Do alto do Olimpo, Fachin enrolou-se em sua heroica toga e criou um plano "brilhante" de salvação de seu deus Moro. Para salvar o ex-juiz e ex-ministro das chamas do inferno que se avizinhava, Fachin decidiu restabelecer os direitos eleitorais de Lula. Um gênio. Procurava agradar seus criadores petistas e sua emancipadora Lava-Jato. Fachin foi criado por Dilma e de um desconhecido professor curitibano, fez-se ministro apoiando toda e qualquer decisão tomada por Moro.
Outro país.
Bastou a canetada de Fachin para relançar Lula ao centro do debate nacional? Ledo engano. Em outras condições, a liberação de Lula seria uma nota no rodapé de alguma noticia ou livro. "Do ostracismo não retornarás", dizia a imprensa, os políticos, o mercado e o povo. Mas em poucos meses, o país foi jogado de pernas para o ar, lançado nas profundezas do medo. Aliás, medo não, pavor. Coronavírus, variante do vírus, mesquinharia de Guedes, barafunda do Congresso, quase ausência de dinheiro no bolso, aumento explosivo dos gêneros alimentícios, os semanais aumentos dos combustíveis...... vivemos em outro país. Ainda vivemos.
Lula volta com sua espada de fogo.
E são essas péssimas condições que estão impulsionando a volta de Lula. O ex-presidente pode e deve receber críticas ácidas, severíssimas por seu mandato presidencial. Mas o Lula oposicionista sempre foi um arcanjo Gabriel brandindo a espada de fogo. Dilacerava seus demônios. O tempo do ódio - que tinha perdido força - voltou flamejante. E não há um líder que nos conduza à paz.