O coquetel de medicamentos administrado em Donald Trump
Trump tem 76 anos e é obeso. Está na zona de alto risco da covid-19. Foi internado em um hospital militar. Há notícias contraditórias sobre seu real estado de saúde. O N.York Times publica neste domingo que o quadro agravou-se. Seus médicos falam muito e dizem nada. De concreto, só sabemos quais os medicamentos que estão sendo administrados no presidente dos Estados Unidos.
Trump mandou todos tomarem cloroquina, mas ele não está tomando.
Como a grande maioria dos políticos, Trump segue o velho pensamento: "não acreditem no que digo". O coquetel que está tomando tem como base um medicamento hightech, ultra moderno, um anticorpo monoclonal. Quando chegou a vez de Trump ser tratado, ficou com medo e parou de ser o médico que receita medicamento que não tem efeito sobre a doença. Foi procurar o que há de melhor no mundo.
O que é um anticorpo monoclonal.
Desde o início da pandemia a imensa maioria dos cientistas depositam suas esperanças em um tipo de remédio: os anticorpos monoclonais. Acreditavam que por volta de julho passado, a humanidade teria algum medicamento desse tipo. Falharam no tempo, eles ainda não estão prontos, ainda necessitam de aprovação. Eles funcionam como uma tropa de elite adestrada para localizar e eliminar uma molécula muito específica do coronavírus: a chave que usam para unir-se às células humanas. Se um anticorpo monoclonal se unir à uma de nossas células, o coronavírus não consegue arrumar outro lugar para infectá-la.
Fabricando um anticorpo monoclonal.
Fabricar anticorpos monoclonais não é simples. Uma vez isolados de pacientes que tiveram covid-19 e de ratos, são introduzidos em ovários de hamsters que funcionam com biorreatores que os produzem em larga escala. O preço médio desse composto é de US$100.000. Há pelo menos duas empresas norte-americanas competindo pela aprovação de seus anticorpos monoclonais. Até onde esta coluna tenha informações, a Ely Lilly está à frente nessa corrida. Mas Trump está tomando anticorpos monoclonais da empresa Regeneron. Ninguém explicou o motivo dessa escolha. Assim como ninguém explica como ele está tomando um medicamento que só pode ser administrado em quem está dentro dos testes para produzi-lo. Abuso de poder?
Os demais compostos do coquetel de Trump.
A vitamina D que está sendo administrada em Trump não tem interferência sobre o vírus, visa tão somente ter reposição no idoso presidente (é comum pessoas idosas terem falta de vitamina D). É o mesmo caso do zinco. Trump também está tomando famotidina, um fármaco originalmente usado para proteger o estômago. E, pela segunda vez, Trump se contradiz, usa uma ideia de chineses. É exatamente isso, a ideia de usar a famotidina vem da China. Por lá, foi realizado um pequeno ensaio que sugere que as pessoas que o tomavam tinham uma pequena redução no índice de mortalidade da covid-19. Mas isso não foi devidamente comprovado. O último medicamento administrado em Trump é a melatonina, um fármaco para combater a insônia.