ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  26    CAMPO GRANDE 27º

Em Pauta

Para entender o perigo da covid-19 nos frigoríficos

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/06/2020 08:18
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

As grandes fábricas de empacotamento de carnes tornaram-se pontos críticos para a infecção por coronavírus. Milhares de trabalhadores adoeceram. O perigo estava claro desde o fechamento de quase todos os frigoríficos dos Estados Unidos que disseminaram a doença para o interior daquele país. Estávamos avisados, as autoridades nada fizeram para prevenir a ameça que chegaria. E chegou. Como se fosse uma Las Vegas, a jogatina com a vida humana foi resolvida em desfavor dos trabalhadores e de suas famílias, tanto nos EUA como no Brasil. Por lá, o presidente Trump ameaçou os Estados com uma lei. Aqui, nenhuma autoridade quis indispor-se com os poderosos proprietários de frigoríficos.


Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Um trabalho duro mesmo nos bons tempos.

Mesmo em condições sem pandemia, os frigoríficos são locais de risco para quem neles trabalham. O trabalho exige o uso de facas, serras e outras ferramentas de corte, além de operar moedores de carnes e outras máquinas pesadas. Lesões traumáticas devido a acidentes no trabalho são comuns. Erros têm consequências terríveis. Também há lesões crônicas por esforços repetitivos do movimento.


Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Onde volume é igual a lucro.

Para entender a conexão com o covid-19, é importante saber que os frigoríficos trabalham com o princípio de volume. Quanto maior o rendimento diário - transformar um boi, um frango ou um porco em carne e embalar - maior o lucro. Para usar um exemplo: uma fábrica que abate suínos e emprega 3.700 pessoas, chega a produzir 18 milhões de porções de carne de porco por dia.


Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A linha de desmontagem que deu origem à de montagem.

Ainda que considerado o criador da linha de montagem, Ford foi copiar o trabalho de um frigorífico para aplicar em automóveis. Para maximizar a eficiência, a produção de um frigorífico ocorre em uma linha de "desmontagem" dos animais. Os trabalhadores ficam juntos e realizam tarefas simples e repetitivas em partes de animais - um só corta o pernil do porco, por exemplo - à medida que o pedaço de porco passa a sua frente. As linhas de produção se movem rapidamente. As médias chegam a 1.000 porcos por hora ou 8.000 frangos por hora.


Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A conexão com o vírus.

A velocidade de corte e de empacotamento são essenciais para entender a transmissão da doença. Os funcionários trabalham lado a lado a uma velocidade que impossibilita se proteger de espirros e tosses. Além da velocidade de corte e empacotamento. O ar em um frigorífico é denso. Há uma quantidade imensa de partículas que se desprendem do animal abatido que pairam no ar, tornando a propagação do vírus muito mais fácil. Espaçamento entre trabalhadores e a colocação de barreiras de acrílico deveriam ter sido obrigatórias desde há dois meses. Nada fizeram, todos pagaremos pela inércia dos donos dos frigoríficos e dos governantes. Irresponsáveis.

Nos siga no Google Notícias