Pedro II na proclamação da República: “Isso não vai dar em nada”
O imperador Pedro II permaneceu em sua casa, em Petrópolis, até a tarde do 15 de novembro, ignorando os conselhos para que reagisse. Ao chegar ao Rio de Janeiro, perdeu um longo tempo, acreditando que no final tudo voltaria ao normal. Ele permaneceria imperador. “Conheço os brasileiros, isso não vai dar em nada”, disse naquele dia. Só na madrugada de 16 de novembro, quando o governo provisório republicano já estava anunciado, é que D.Pedro reuniu seus conselheiros e tentou em vão organizar um novo ministério. Já era tarde. A única reação em favo da monarquia ocorreu na Bahia, surpreendentemente liderada pelo marechal Hermes da Fonseca, irmão de Deodoro, que capitulou algumas horas depois ao saber que o próprio irmão liderava os republicanos.
Quem derrubou Pedro II?
A força, talvez a mais forte, era composta dos próprios monarquistas, para os quais o reinado perdera seus encantos. Os republicanos eram uma vasta aliança. Incluía liberais, reformadores, abolicionistas e federalistas. Gente como o pernambucano Joaquim Nabuco e o baiano Rui Barbosa, que ate as vésperas do 15 de Novembro, mantinham-se de certa forma fiéis à monarquia, mas exigiam dela reformas capazes de dar alguma sobrevida ao regime. Havia também os fazendeiros desgostosos e feridos pela abolição da escravatura. Some-se a isso o descontentamento nos quartéis desde o final da guerra do Paraguai. Oficiais e soldados, com justa razão, consideravam-se injustiçados pelo governo de Pedro II.
A monarquia não foi derrubada, desmoronou.
Na verdade, a monarquia não foi derrubada, ela desmoronou. Pedro II era apontado como um discricionário, detentor de um poder pessoal nocivo para as instituições . Ele, como a imensa maioria dos reis, não entendeu que a flecha da derrota sempre vem de seus mais próximos. Deodoro era “grande”amigo de Pedro II. O alagoano Manoel Deodoro da Fonseca, um militar idoso e enfermo, tinha suas forças esgotadas tanto quanto as do próprio imperador Pedro II. Convertido tardiamente às ideias republicanas, Deodoro agiu aparentemente movido mais pelo ressentimento contra o governo de Pedro II do que por qualquer convicção ideológica. O marechal relutou até onde pode a promover a troca do regime, como exigiam as lideranças civis e militares. Estes verdadeiramente liderados pelo professor e tenente-coronel Benjamin Constant. Ao contrário do que reza a historia oficial, em nenhum momento Deodoro proclamou a República ao longo da manhã e da tarde do 15 de novembro. Só o fez em elevada hora da noite, diante da pressão de seus companheiros de armas e da imensa sandice de Pedro II que indicou para a chefia dos militares - na tentativa vã de constituir um novo governo - o maior de todos os adversários de Deodoro, o senador liberal gaúcho Gaspar Silveira Martins.
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