Policia que mata
A polícia brasileira é uma das polícias que mais matam no mundo. Os dados são alarmantes. São mais de 1.000 pessoas por ano. A quase totalidade é registrada como "auto de resistência seguida de morte". A campeã é a do Rio de Janeiro que mantem uma média de 3 mortes diárias. Isso perfaz um em cada cinco mortes no Rio de Janeiro cometida por sua polícia. Nessa estatística o Mato Grosso do Sul segue sendo um Estado relativamente tranquilo.
Os policiais são autorizados a usar a força letal como ultimo recurso. Mas a utilizam de forma rotineira. Frequentemente cometem execuções extrajudiciais e exacerbam a violência. Os relatórios também chamam atenção para outro problema: além dos homicídios após a "resistência" cometidos todos os anos por policiais durante o expediente, as mortes cometidas por policiais fora do expediente ultrapassam a casa de algumas centenas.
No lado inverso, a situação exige muito sangue frio e preparo. O Brasil também mata muitos policiais e eles raramente estão em serviço. Para a morte deles não há manchetes. E pior, podem ocorrer comemorações. A imagem do policial continua a mesma desde sua formação na época da chegada da corte portuguesa que fugia de Napoleão: sempre ruim. Piora muito com o caso do membro da Policia Rodoviária Federal que matou um empresário que, conforme a narrativa, teria pedido desculpas pelo problema ocasionado pela desfaçatez e escárnio do Bernal ao deixar a cidade como se fosse uma satélite da lua - cheia de buracos. Ainda que o poder judiciário trate o policial com deferência, ele tem um cúmplice. Bernal é tão culpado pela morte quanto o policial.
A população encheu-se de revolta pela crueldade. O empresário se mostra humilde e está desarmado é o que a imprensa vem mostrando. O PRF é, no mínimo, um funcionário despreparado para portar armas. Os indícios levam a crer que é pior... Não podemos aceitar nenhuma comiseração com a ação desse servidor público.
Mas, há algo que o Brasil não se cansa de errar. Temos a tendência inequívoca de culpar a toda uma corporação pelos erros de um de seus funcionários. A PRF não pode pagar pela atitude hedionda de um de seus membros. Pelo contrário, é uma das corporações policiais mais gentis e educadas que temos no país. Caso persista dúvida, recorram às estatísticas, a PRF entra com números baixíssimos no computo das 1.000 mortes anuais. Ano após ano, aproxima-se de uma dezena.
Há ainda outro problema que se mostra insolúvel. Quem investiga o assassinato cometido por um policial é um de seus colegas. O corporativismo brasileiro, em todos os órgãos públicos, é fortíssimo e determinante. Enquanto couber às policias investigarem a si mesmas os responsáveis permanecerão impunes e as execuções continuarão.
Crimes célebres e o gosto pelas tramas mórbidas
Crimes célebres marcam gerações e são identificados pelo nome do criminoso ou da vítima, ou mesmo do local onde ocorreram. Os mais antigos lembram-se do assassinato do Ludinho cometido por um policial. Neste começo de século XXI , seguimos o desenlace dos processos contra o Maníaco da Cruz, alguns tarados, outros pedófilos. E o do primeiro serial killer do Mato Grosso do Sul que acaba de ter seus assassinatos revelados.
Costuma-se dizer que a diferença entre o crime célebre e o comum está na conta bancária da vítima. Ainda que nisso exista um fundo de verdade, creditar o interesse popular apenas ao dinheiro é desmerecer o gosto das pessoas pelas tramas mórbidas. A população faz uma catarse coletiva com os crimes célebres. Essa catarse começou com os primeiros jornais sensacionalistas há três séculos, na Inglaterra. E nunca mais parou. É incompreensível que tenhamos jornais e jornalistas que trabalham exclusivamente com notícias policiais e inexista uma imprensa voltada para a educação e para as ciências. Tristes trópicos.
Rebelião na cadeia: matar ou morrer
Ontem foi no Maranhão. Hoje em Manaus. Amanhã será em outro presídio. As rebeliões nos presídios se tornaram mensais. Já não causam a mesma estupefação e revolta como a do Carandiru. Por que vemos assassinatos tão bárbaros entre presos? É um estado de espírito relacionado com a guerra. A sociologia chama de "ethos guerreiro". Na guerra você mata ou morre. Nas rebeliões também. Você tem de mostrar para seu inimigo que é mais forte. Ter muitos "soldados" e armas. Armas? Sim, elas existem nas prisões desde os primórdios. São passadas pelos buracos nas muralhas que cercam as prisões ou são fabricadas dentro das próprias prisões. Afinal, o que mais um preso pode fazer em uma prisão que não seja uma arma? Só há duas respostas alternativas: fumar maconha e cozinhar.
Quanto maior a crueldade, maior a demonstração de força. O medo sempre foi a mais importante arma nas guerras. As rebeliões nada mais são que guerras com outro nome. Assim como há uma corrida armamentista, há a corrida da crueldade. Tornam-se a cada dia mais cruéis para atemorizar seus inimigos. Um ciclo sem fim de mais e mais crueldade dentro de paredes, sem possibilidade de recuo ou de fuga. Essa é, talvez, a única diferença das rebeliões nas cadeias para as guerras entre tropas de exércitos: recuo e fuga.
Os presidiários brasileiros são pessoas esquecidas por todos. Eles tem de resolver sozinhos seus problemas de alimentação, higiene, maconha e tensões. A prisão é um lugar extremamente tenso. Há a necessidade de alguma saída do "inferno". A saída para o preso seria adquirir alguma profissão, melhorar sua educação, ter algum trabalho. A alternativa é a rebelião.
Diário de 622 mil presidiários
O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo. Os 622 mil detentos vivem em estabelecimentos superlotados e com milhares de presos provisórios. Algo como 40% dos presos aguardam julgamento. A justiça está abarrotada de processos com importância irrisória. Parte importante da justiça ainda vive na Idade Média. Os processos estão unicamente em papéis, não descobriram os computadores. A metade dos presidiários são ligados ao narcotráfico, uma guerra perdida há dezenas de anos. Os calabouços brasileiros, apelidados de presídios, contam com tão somente 370 mil vagas...
Fonte: Revista Galileu
Começou a era Trump: Ford e General Motors são obrigadas a abandonar o México
Ontem, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou a General Motors. Disse que aumentaria 35% os impostos dos carros dessa empresa que fossem fabricados no México, quando ultrapassassem as fronteiras entre os dois países. Hoje, foi a vez da Ford. Os planos da Ford eram gigantescos para ampliar a produção de pequenos carros em uma cidade mexicana. Em alguns anos criariam 2.800 empregos. As duas empresas automobilísticas acabam de anunciar que passarão a investir tão somente nos EUA. Trump ainda nem tomou posse. Imaginem o que ocorrerá em poucos dias....