Por que cansamos do distanciamento e lavar as mãos
Quase todos os Estados estão começando a abrir suas empresas. Grande parte do crédito é atribuído àqueles que obedientemente, seguiram o comportamento prescrito pelos médicos e cientistas. Até agora, vimos poucos Estados onde os hospitais entraram em colapso. Particularmente, no Mato Grosso do Sul, as taxas de infecções e mortes eram diminutas em comparação com os demais Estados. Eram, avisam as autoridades médicas, à partir de agora, especialmente nos frigoríficos e festas, tendemos a encher os hospitais.
Até quando manteremos a vigilância?
É bem provável que tenhamos de manter a vigilância - distanciamento social e lavar as mãos - por várias semanas, talvez meses. O problema é que as pessoas não enxergam os benefícios de suas ações -, e, portanto, muitas vezes não reconhecem a importância deles. Como resultado, a adesão a esses comportamentos protetores começa a diminuir ao longo do tempo, desde que não existam políticas públicas para sustentá-los.
Benefícios intangíveis.
Uma das razões para a diminuição dos cuidados é que os benefícios são intangíveis, você não pode tocar, provar, sentir ou enxergar aquilo que lhe é benéfico no caso da infecção pelo vírus. Um dos motivos deles serrem intangíveis é que as pessoas tendem a ser insensíveis a números dramáticos. Qual a diferença de uma chance em mil ou uma chance em um milhão de ser infectado pelo vírus? Esse números soam iguais para a imensa maioria das pessoas.
Estudos que mostram a ineficácia dos números de saúde pública.
Os números pouco dizem para a população. Alguns estudos já demonstram a ineficácia. O primeiro deles, mostrou que as pessoas estavam dispostas a pagar mais por alimentos desde que o risco de contaminação por pesticidas caísse de 5 em 10.000, mas não aceitavam pagar um centavo a mais se fosse para derrubar o risco de contaminação de 15 em 10.000 para 10 em 10.000. Outro estudo demonstrou que as pessoas aceitavam pagar por uma vacina que levava o risco de 10% de adquirir uma doença, mas não aceitavam pagar nada por outra que reduzia o risco de 20% de contrair uma doença para 10%. Mas há, ainda, um que é risível: o estudo descobriu que uma vacina descrita como 100% eficaz na prevenção de 70% dos casos conhecidos era mais atraente que uma vacina que era 70% eficaz na prevenção de todos os casos. Observe que ambas tem o mesmo efeito. Enquanto as autoridades sanitárias não se convencerem de que devem mudar a pedagogia de suas explicações, continuaremos a observar a fuga para o caos daqueles que se cansaram de atender suas drásticas medidas. Parem de apresentar tantos números, façam comparações de riscos. Você são péssimos professores.
Impacto invisível.
Está claro para os estudiosos que não obtemos feedback útil para nossas ações protetivas. O vírus é invisível, não temos ideia se o tínhamos antes de lavarmos as mãos ou nos livramos deles depois que lavamos. Também não recebemos comentários sobre como nossas ações protetoras mudaram a probabilidade da infecção. Se todas as nossas ações funcionarem, o resultado é que não adoecemos. Mas não estarmos doentes era o estado em que nos encontrávamos antes de adotar as ações protetoras. Assim, parece que não fizemos nada, e nos cansamos muito rapidamente desse estado de "não fazer nada". Os estudos que validam a ideia do "impacto invisível" já foram feitos em outras doenças. Sabem qual é a adesão para o uso de medicamentos diários para diabéticos agudos? As taxas de adesão são sombrias, péssimas. Há outro. Um ano após a hospitalização por ataque cardíaco, metade dos pacientes deixa de tomar os medicamentos que devem tomar diariamente até o fim da vida.