Quando o menino Jesus era um homem adulto
O título aparentemente não tem sentido. Como pode um menino ser adulto? Mas essa era a imagem que a igreja católica representava o menino Jesus no período medieval: um adulto que podia até ter entradas nos cabelos. Era estranho. Representavam nas telas e nos presépios um menino Jesus cabeçudo e pouco gracioso. O que levou os artistas a representar esse estranho menino-adulto? Por acaso, não sabiam pintar?
O homúnculo da idade média.
A arte tende a ser o reflexo mais fiel do pensamento de uma época. As representações medievais do menino Jesus foram influenciadas pela ideia do homúnculo, um homem pequeno. Os teólogos de então, sustentavam que o filho de Deus já era um homem formado desde seu nascimento. Ele não passaria por grandes transformações até chegar à idade adulta como as pessoas comuns. Era um senhor em miniatura. Tinha as características típicas de um adulto com o tamanho de um bebê, às vezes com princípio de calvície.
A mudança renascentista.
Com o surgimento de uma classe de abastados que podia sustentar os pintores, o Renascimento trouxe uma mudança radical: o menino Jesus não só passou a ser um bebê como tornou-se gracioso. Há, ainda, outra mudança importante: as famílias começam a contratar os pintores para fazer retratos de seus filhos, algo que não era bem visto durante a idade média. É nesse momento que o conceito de infância passa a estar ligado com a inocência. A característica dos bebês é que nascem sem conhecer a maldade. As telas passam a representar esse aspecto. Se não for o primeiro, o italiano Rafael Sanzio, da escola de Florença, foi um dos precursores desse novo ideário.
1. Virgem de Duccio do Buoninsegna
2. Virgem com menino e Santa Ana de Masaccio
3. A Virgem e o menino com cacho de uva de Lucas Cranach
4. A madona de Ognissanti