Suicídio é a principal causa de morte entre policiais
Estresse, hierarquia e tabu - essa a resposta às motivações de tantos policiais tirarem a própria vida. Longas jornadas de trabalho, afastamento da família, desvalorização profissional e falta de acompanhamento psicológico contribuem para que isso ocorra.
Cinco vezes mais que a população em geral.
Os empregados das forças de segurança sabem perfeitamente que se expõem a elevados riscos, mas até agora ninguém parecia importar com o que lhes passava na cabeça. Essa displicência lhes custa a vida. Há cinco vezes mais suicídios entre policiais do que entre a população comum. É um dado chocante. A saúde mental também se ressente da precariedade laboral, além dos problemas citados, a rigidez da hierarquia é asfixiante.
Mais de mil suicídios.
Nos últimos seis anos suicidaram-se 821 profissionais da segurança publica em atividade e 226 que estavam aposentados. São dados de um recente informe do Instituto de Investigação e Prevenção do Suicídio - IPPES, que há anos vem fazendo um minucioso trabalho em busca de dados que muitas vezes a administração pública nem sequer emite opinião. Há governos estaduais que definem esse tipo de morte como “fenômeno inexistente“ em suas fileiras.
Administrar uma prisão com cinco policiais para 3.000 presos.
Existe algum maluco que acredita ser possível administrar uma prisão com cinco ou seis policiais para 3.000 presos? Essa é a realidade. Como é possível que esses policiais estejam bem da cabeça? Os psicólogos para os uniformizados escasseiam. Os psiquiatras para policiais são quase inexistentes. A policia militar do Rio de Janeiro, a maior do país, não tem um só psiquiatra. Imaginem as demais. Quem define quando um policial pode continuar portando uma arma nas ruas? É grande a quantidade de policiais que passam por uma crise de pânico ou por depressão e não tem como buscar ajuda. Muitos temem que lhes retirem a arma, que consideram uma extensão de seu corpo. Outros tantos, deixam de buscar ajuda por não poder pagar uma terapia privada.
A principal causa de morte de policiais é o suicídio.
O suicídio foi escalando posições até que no ano passado se colocou, pela primeira vez, como a principal causa de morte não natural dos policiais, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No ano passado, 53 policiais civis e militares perderam a vida durante as operações nas ruas. Outros 73 faleceram fora do horário laboral. Mas nada supera o suicídio: 118 mortes no ano passado, 26% mais que em 2022. Quase todos nunca “tiram o uniforme”, são policiais 24 horas por dia, uma completa e complexa distorção.
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