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Em Pauta

Vacinas Pfizer e Moderna e o estrangulamento de suprimentos

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/01/2021 06:22
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Depois da emoção inicial pela autorização das primeiras vacinas contra a covid-19, uma dura realidade se instalou nos países da Europa e nos Estados Unidos. Pessoas que querem uma vacina não podem obtê-la. Alguns lugares têm excesso de doses, outros têm pouquíssimas ou nenhuma. Milhares de idosos estão acampando para obtê-las. E não é só o grave problema da exigência de baixíssimas temperaturas para mantê-las que está ocorrendo. Há um problema sério da falta de trabalhadores para administrar as vacinas. Bons resultados, só em Israel, Emirados Árabes e Bahrain. Veja o quadro abaixo com o percentual da população vacinado de cada país até o domingo, 10 de janeiro:


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Logística antiquada.

Há um evidente grave problema na cadeia de suprimento desses países. O sistema é falho. Antes da década de 1990, as cadeias de suprimentos, focavam em custo, eficiência e velocidade, mas não eram suficientemente ágeis para se adaptar às mudanças nas demandas. A expressão "just-in-time" (algo como "tempo certo") comandava a logística daquela época. A mesma usada em muitas empresas brasileiras e no governo federal (governos estaduais e municipais não fazem nem ideia do que venha a ser logística, vivem ao sabor dos ventos). Esse padrão logístico - just-in-time - tornou-se obsoleto há vinte anos. É inflexível, não consegue se adaptar as mudanças de demanda. E foi abandonado por quase todos. A pandemia veio mostrar que ele continuava, infelizmente, sendo usado por muitas empresas e governantes. A pandemia desmascarou a ineficácia do just-in-time. Travou-se uma guerra mundial por respiradores, máscaras, aparelhos e medicamentos hospitalares. O Brasil nem chegou a discutir esse problema de logística. Tudo estava resolvido com a cloroquina, era apenas uma gripezinha.


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Frio excessivo.

Desde o início da pandemia a imprensa mostrava que as duas vacinas baseadas em RNA - Pfizer e Moderna - estavam mostrando resultados alentadores. Também mostravam que o frio excessivo - entre menos 20 e menos 70 graus Celsius - seriam um entrave importante para que elas chegassem aos rincões mais distantes das grandes cidades da Europa e do Estados Unidos. Novamente erraram. Continuaram utilizando o just-in-time como o equalizador da logística. E quebram a cara. Há o triplo de doses de vacinas, em média, nos países da lista acima, mas não estão conseguindo vacinar. Não estavam preparados - ainda que avisados inúmeras vezes - para o problema da temperatura. A vacina não está saindo dos maiores hospitais das grandes cidades. A cadeia de distribuição é ultrapassada. Não há onde armazenar as doses nas médias e pequenas cidades. Nenhuma delas conta com refrigeradores que alcancem setenta graus negativos. E vai piorar. Cada frasco da dose já administrada está sendo guardado com a segunda dose, escrito o nome de quem a recebeu e virá a receber a segunda dose em duas semanas. Mas as novas doses continuam chegando, ainda que lentamente. Os raros refrigeradores estão ficando abarrotados com os frascos já utilizados para a primeira dose e com os novos frascos.


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Faltam trabalhadores.

A nova metodologia da logística exige calcular os recursos necessários e os custos associados. Também calcula os casos em que não há recursos suficientes, se os armazéns não têm capacidade suficiente, se os suprimentos para produção são limitados ou se não há caminhões suficientes para as entregas. Também calculam os possíveis desastres. E estamos em meio a um gigantesco desastre. Na Europa e nos EUA, também falta pessoal minimamente qualificado para administrar a vacina e observar as primeiras horas depois da injeção. Devido à escassez de mão-de-obra, enfermeiras estão viajando milhares de quilômetros para ajudar a vacinação. Isso resultou em uma explosão no preço da mão-de-obra. Algumas enfermeiras, em viagem, estão recebendo U$10.000 por semana. Enquanto isso, o Brasil brinca de disputa político-eleitoral. Que gracinhas!

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