Visitando uma UTI, o local mais temido do mundo
Uma tempestade a mil pés de altura ou em alto mar, a beira de um vulcão, correr de um tsunami, poucos lugares no mundo causam tanto medo como uma UTI. Mas, ao contrário dos demais, esse prédio separado de um hospital, durante a pandemia, tornou-se a última esperança quando a vida está por um fio.
Quem vai para uma Unidade de Terapia Intensiva.
A essas alas hospitalares somente os enfermos mais graves, que necessitam de mais atenção que os demais, são dirigidos. São encaminhados para a UTI pacientes que apresentam condições como: infartos, AVC, choque anafilático, síndromes respiratórias, traumas físicos graves. Também vão para uma UTI os pacientes que passam por cirurgias invasivas maiores - aquelas realizadas no interior do corpo - e que podem ter complicações. É claro que o Brasil não conta com tantos médicos intensivistas quanto necessário na pandemia, forçando os hospitais a flexibilizarem a explosão de vagas nas UTIs para outras especialidades médicas.
Planta e aparelhos básicos de uma UTI.
A planta física de uma UTI conta com duas áreas principais: a de internação, onde ficam os pacientes, e a área externa, que engloba recepção e laboratório de urgência, onde exames são realizados o mais rápido possível. Separado das outras alas de um hospital, as UTIs necessitam de equipamentos mínimos específicos:
Quais profissionais trabalham em uma UTI.
A equipe de uma UTI é regulamentada pelo Ministério da Saúde desde 1998. O quadro básico é composto por: um coordenador médico (título de intensivista), um médico diarista a cada 10 leitos (título de intensivista), um médico plantonista a cada 10 leitos (título de intensivista), um enfermeiro coordenador, um enfermeiro a cada 10 leitos, um técnico de enfermagem a cada 2 leitos, um fisioterapeuta a cada 10 leitos e um responsável pela limpeza. Com exceção do fisioterapeuta, os demais profissionais devem manter a UTI funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana. Nunca fecha.
Quem inventou a UTI.
A UTI, como conhecemos, surgiu em 1953, criada pelo dinamarquês Björn Ibsen, medico do Hospital Municipal de Copenhagen. Ibsen transformou uma sala de aula em uma ala especial para tratar casos de tétano, doença comum à época. A ideia, revolucionária, foi copiada pela Europa toda. Levou 18 anos para chegar ao Brasil. O Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, contando com 10 leitos, foi o primeiro a copiar esse eficiente modelo. Antes da pandemia, o Ministério da Saúde determinava que todo hospital com mais de 100 leitos devia ter uma UTI.
Onde estão as UTs (fevereiro de 2021).
Em números absolutos, há uma UTI para cada grupo de 3.308 habitantes no país. Mas a distribuição geográfica, faz com que existiam muitas UTIs em alguns Estados e pouquíssimas em outros. Até fevereiro de 2021, o pais contava com 66.497 leitos em UTIs, a maior parte deles no eixo São Paulo -Rio. Até a mesma data, o Brasil tinha acrescentado 25.186 leitos ao sistema de saúde. Em um ano, houve o acréscimo de 61%. Uma gigantesca façanha.