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Manoel Afonso

Eleições: candidatos escondem os amigos desmoralizados

Manoel Afonso | 08/04/2022 07:22

AMIGOS OCULTOS: Os amigos são testemunhas do nosso passado, eles são o espelho no qual nos vemos. Mas aos candidatos às vezes é conveniente manter alguns dos amigos à distância temendo o desgaste pelos escândalos em que estiveram envolvidos. Não por acaso, aqui e acolá, personagens antes poderosos, hoje estigmatizados pela opinião pública, devem atuar só nos bastidores destas eleições. Mas eles deixarão pegadas.

FAVORITOS: Apesar da crise sem fim em Dourados, seus políticos ainda são os favoritos  para a candidatura a vice-governador. De lá já tivemos George Takimoto, Braz Melo (dois mandatos), Egon Krakheche e Murilo Zauith (dois mandatos).  Deles, apenas Takimoto e Murilo fizeram do cargo trampolim para voos mais altos elegendo-se para a Câmara Federal. Foi só.

MESMICE: Os postulantes a vice de chapa majoritária apenas ajudam, não têm o poder de fogo para virar o jogo e decidir. Tem sido assim nas eleições em todos os níveis. Os pré-candidatos ao Governo Estadual, pelo que se deduz das articulações até aqui, não devem mudar o critério na escolha do companheiro do titular da chapa majoritária.

ENGANADAS?  A televisão veiculando filmete com mulheres fazendo apologia ao  PDT e a participação feminina nas eleições. Tecnicamente o clipe é perfeito mas é incoerente e na contra mão diante da debandada de sua ex-figura maior (deputado Dagoberto Nogueira) rumo ao PSDB. Sem dúvida, elas perderam a referência partidária.

A CAMINHO DO BREJO: “Um país não vai para o brejo de um momento para o outro… vai para o brejo quando seus poderosos têm direito a foro privilegiado…quando se divide e, quando seus habitantes passam a odiar uns aos outros…quando despenca nos índices de educação, mas sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais. Enquanto isso tem gente nas ruas estourando fogos pelos times de futebol. ”  (‘A caminho do Brejo’) – Cora Rónaí

DEPUTADOS & AÇÕES:   Paulo Corrêa (PSDB): Designou audiência (09 de maio) para discutir a situação precária das BRs que cortam o MS; assinou convênio com a OAB/MS para transmissão de conteúdo da entidade na grade da TV Assembleia. Zé Teixeira (PSDB): pede a viabilização de um veículo utilitário para atender a Assistência Social de Caarapó; requer a extensão de rede de energia elétrica na zona urbana de Douradina; Lucas de Lima (PDT): aprovado seu projeto vedando limites dos planos de saúde nas consultas e sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, psicoterapia e de autismo. O projeto segue a sanção governamental.  Lídio Lopes  (Patri): seus contatos com prefeitos e vereadores da região do Cone Sul garantem o atendimento das diversas reivindicações de prefeituras e entidades junto ao Governo Estadual. Paulo Duarte (PSB): Indicado pela presidência como representante da Alems para acompanhar as negociações de venda das empresas operadas pela Vale em Corumbá, assunto do qual tem intimidade; solicitou ao reitor da UFMS informações sobre o critério do aumento do valor das refeições servidas na entidade.

SEM VOLTA: Quem tomou decisão errada na janela partidária não tem como reverter a situação. No troca troca partidário nem todos os políticos candidatos acertaram. Alguns partidos acabaram ficando com candidatos de peso e há dúvidas se todos eles serão eleitos. O Partido Progressista é um exemplo com 5 deputados candidatos à reeleição.

TIRO NO PÉ?: Na Tv Lula diz que mudou. Mas critica a classe média “por ostentar um padrão de vida desnecessário”; sugere à militância para intimidar os deputados e seus familiares em suas próprias casas e ignorou os evangélicos ao tratar o aborto como questão de saúde. Mera estratégia para radicalizar e manter seu eleitorado fiel, como faz Bolsonaro? É possível.

RACHADURAS: O episódio repercutiu. Mas o que Geraldo Alckmin pensaria?  Isso estaria dentro do ‘combinado’?  A maioria do eleitorado do ex-governador paulista é da classe média conservadora, rejeita o teor destas declarações. Daí que a candidatura de Alckmin pode não ajudar porque não agrega novos eleitores ao PT de Lula. E a 3ª. via incipiente não se fortalece. Como diz o caipira: estamos no mato sem cachorro.

CÉU NUBLADO:  O Estado e Corumbá perderão R$ 90 milhões de arrecadação anual com o fim da exploração do minério de ferro pela Vale. A venda dos ativos para a J&F Investimentos que atua nas áreas de proteína animal e celulose não assegura o paraíso. Após dezenas de anos a sonhada siderúrgica em Corumbá não se materializou. A ferrovia sucateada e a navegação comprometida do rio Paraguai pioraram o cenário.

REFLEXÃO: “Precisamos ser honestos se queremos que políticos o sejam. Quem começa? Por mais que os políticos sejam reflexos de nós mesmos, suas atitudes nos influenciam. Deixamos de crer que a honestidade seja possível no País e nos sentimos estimulados a também não ser honestos…” (Daniel Martins de Barros)

AÇÕES LEGISLATIVAS:  Mara Caseiro (PSDB): pede asfaltamento da MS 316 entre Inocência e Aparecida do Tabuado; requer a construção do anel viário em Ladário, criação de base do Corpo de Bombeiros na região do Nova Lima, na capital.  Pedro Kemp (PT): tem proposta reconhecendo o direito salarial a hora-atividade dos professores de educação especial; repercutiu a denúncia de superfaturamento na compra de veículos escolares pelo Governo Federal. Capitão Contar (PRTB): tem projeto proibindo a comprovação de vacina para matricula nas instituições de ensino; requereu a Aneel a suspensão do aumento da tarifa energética no MS.  Amarildo Cruz (PT): defendeu na tribuna o setor cultural ao criticar o veto do presidente Bolsonaro ao Projeto da Lei Paulo Gustavo. José C. Barbosa (PP): registrou votos de congratulações aos  nadadores do Estado pelas vitórias em competições nacionais recentes; presidente da Comissão de Acompanhamento da Execução Orçamentária liderou audiência  para prestação de contas dos poderes e do TCE-MS .

NO RETROVISOR:  Geraldo Alckmin saiu cacifado do pleito presidencial de 2006 com 41% dos votos válidos. Mas em 2018 obteve só 4,76% dos votos apesar da coligação com  PSDB, PTB,PP, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PRB, PSD. Decepcionou também no Estado de São Paulo que governou 4 vezes. Teve apenas 9,52% dos votos, perdendo para Ciro Gomes com 11,35% dos votos válidos.

OUTRO AVISO: Tempo de televisão pode ajudar ou não. Em 1989 Ulysses Guimarães só teve 4% dos votos, ficou em 7º lugar dentre os 22 postulantes ao Planalto. Ele tinha o apoio de 350 parlamentares do MDB/PFL e 38 minutos televisivos diários junto com seu vice Aureliano Chaves.  O vencedor – Collor de Mello – tinha apenas 10 minutos no horário gratuito.

PARECIDAS:  Quando vejo o ‘União Brasil’ com tanta gente junto por conveniência, lembro do fracasso de Ulysses abandonado no meio da estrada pelos ‘companheiros da onça’. Candidaturas sem comprometimento dos seus integrantes são comparáveis aos times de futebol e da própria seleção, onde cada jogador só olha o próprio umbigo. Pense nisso.

PERGUNTA-SE:  Na hipótese de haver segundo turno nas eleições presidenciais e no pleito estadual no Mato Grosso do Sul, qual seria o caminho do PT Guaicuru? Haveria um espécie de pacto de reciprocidade com outro partido, que em troca do apoio dos petistas se comprometeria a apoiar Lula ao Palácio do Planalto? É a tendência.

DEPUTADOS  & AÇÕES:  Gerson Claro (PP): seu projeto sugere financiamento para  ampliação do vitorioso programa  CNH Social; tem sido o porta voz de vários prefeitos junto as secretarias e órgãos oficiais na capital.  Antonio Vaz (Rep): seu projeto cria salas para agentes de segurança de escolta nos hospitais; tem proposta de criação do  ‘Programa de Informação e Conscientização de Longevidade e Qualidade de Vida.  Marçal Filho  (PP); aprovada em 2ª. votação seu projeto criando campanha (no mês de setembro) para sensibilizar a população da importância da doação de órgãos e reduzir a fila nos transplantes.  Evander Vendramini (PP): pede ao Governo estudos para criação do salário mínimo regional; destaca a importância de se reconhecer o carnaval de Corumbá como patrimônio imaterial de Mato Grosso do Sul. Neno Razuk (PL): destaca os investimentos de R$330 milhões feitos pelo Governo Estadual na manutenção de rodovias; ressalta as conquistas e avanços na educação em prol dos autistas.

NA ESTRADA: Nossos candidatos ao Governo percorrem o interior. Na agenda os abraços, fotografias, sorrisos, elogios aos cafezinhos ‘da hora’ ou requentados, discursos com críticas, promessas e frases de efeito. Ainda é cedo para a avaliação dos resultados das visitas pois as chapas dos candidatos ainda estão indefinidas e o eleitor tem hoje outras prioridades.

RECOMEÇO:  O cafezinho no bar, os amigos e as viagens devem voltar ao nosso cotidiano após dois anos de angústia e sofrimento. Mas passada essa experiência amarga é preciso sim cumprir aquelas promessas de mudanças; dos limites, objetivos e dos valores da vida – que é uma só e rapidinha. Enfim, precisamos ser melhores do que antes. Combinado?

ANÔNIMOS & FAMA: No facebook vemos o usual excesso de exposição  pública das pessoas em busca de notoriedade. Falta-lhes autocrítica. A cantora  italiana Laura Pausini faz essa observação pertinente: “Nos últimos anos todos querem ser famosos. E eu posso falar disso porque sou famosa. Uma pessoa, para sentir-se realizada, não precisa ser famosa”.  Caso de se questionar: por acaso pessoas anônimas são menos felizes?

PONTO FINAL:

O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.  (Barão de Itararé)

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