A angústia do primeiro Enem e o apoio emocional dos pais
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um momento de grande importância para estudantes brasileiros, já que pode determinar o ingresso em universidades e impactar suas futuras trajetórias profissionais. Para muitos jovens, especialmente aqueles que encaram o ENEM pela primeira vez, essa experiência pode ser marcada por sentimentos intensos, como a ansiedade e o medo de falhar, e ainda este cenário também afeta os pais, que se preocupam tanto com o desempenho dos filhos quanto com as próprias emoções, pois sabem da importância que este exame representa para eles. Diante desse contexto, é essencial que os pais encontrem maneiras de apoiar emocionalmente os filhos, ao mesmo tempo em que buscam manter seu próprio equilíbrio emocional.
Sentimentos como a ansiedade que acompanha a primeira experiência no ENEM são compreensíveis, uma vez que realizar o exame, mesmo treinando, reflete um momento de transição e amadurecimento. Muitos jovens estão saindo de um ambiente escolar onde tinham um certo controle sobre as notas e o desempenho e agora se veem em uma situação de alta competitividade e incerteza, onde a pressão por resultados gera grande expectativa, que pode desencadear reações emocionais intensas, como nervosismo, insônia e insegurança.
Os pais, nesse processo, podem se sentir perdidos, pois, observar esses sinais pode ser angustiante, por que, além de quererem ver seus filhos bem-sucedidos, também desejam que se sintam bem consigo mesmos e não se desgastem emocionalmente, ter que manter o equilíbrio entre a preocupação e angustia e mostrar uma postura de apoio, compreensão e empatia não é uma tarefa fácil para os pais.
Ajudar os filhos a entenderem que o ENEM é apenas uma das várias oportunidades que terão ao longo da vida e um dos variados testes e aprovações que terão ao invés de reforçar a pressão para que os filhos atinjam resultados específicos, e incentivar o esforço e a dedicação sem focar exclusivamente no resultado final, é mais saudável psicologicamente tanto para os filhos quanto para os pais. Apoiar essa perspectiva ajuda os jovens a reduzirem o medo do fracasso e a enxergarem o exame como um desafio que pode ser enfrentado com calma e preparo, e para isso, ouvir os filhos com atenção e validar os sentimentos deles – reconhecendo que ansiedade e medo são naturais nesse momento – é fundamental.
Porém, não são apenas os jovens que enfrentam os desafios emocionais nessa transição, os pais também precisam lidar com suas próprias expectativas e ansiedades. A pressão social e a expectativa de que seus filhos consigam uma boa pontuação muitas vezes fazem com que os pais internalizem sentimentos de frustração ou nervosismo. Para evitar que essa pressão se reflita no relacionamento com os filhos, é essencial que os pais busquem formas de cuidar da própria saúde mental e, se necessário, procurem atividades ou técnicas de relaxamento, como : meditação, rede de apoio em conversas com outros pais, e até procurar ajuda profissional, quando necessário, são estratégias que podem ajudar a lidar com a ansiedade e a não repassar esses sintomas para os filhos. Esse autocuidado é importante, pois permite que estejam emocionalmente disponíveis para apoiar seus filhos de forma mais equilibrada.
(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.