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Direto das Ruas

Alegando insegurança, moradores tentam barrar 366 novos vizinhos em condomínio

Empresa alugou 61 apartamentos para funcionários que trabalham em Ribas do Rio Pardo morarem

Clara Farias e Mariely Barros | 19/07/2023 14:56
Fachada do Residencial Virgínia. (Foto: Mariely Barros)
Fachada do Residencial Virgínia. (Foto: Mariely Barros)

Moradores do Residencial Virgínia, na Vila Nossa Senhora das Graças, região norte de Campo Grande, fizeram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (19), na tentativa de barrar 366 novos vizinhos, todos funcionários da empresa Imetame que trabalham em Ribas do Rio Pardo. Quem alugou os apartamentos para a empresa foi a construtora Hannah, responsável pelo condomínio.

Os moradores do residencial alegam que estão amparados no regimento interno do condomínio e chegaram a colocar um carro para barrar a entrada dos caminhões que estavam levando colchonetes e geladeiras aos apartamentos alugados para os trabalhadores se mudarem.

No residencial, 61 apartamentos desocupados são de propriedade da construtora Hannah. Segundo informações apuradas pela reportagem, serão seis trabalhadores em cada apartamento, totalizando 366 novos moradores no condomínio. A preocupação daqueles que já residem no local é de "com essa quantidade de pessoas, o sossego acabará". Os moradores também reclamam que foram avisados da situação por uma mensagem no grupo de Whatsapp.

Carro bloqueando o portão principal do condomínio. (Foto: Mariely Barros)
Carro bloqueando o portão principal do condomínio. (Foto: Mariely Barros)

Jean Ferreira, servidor público, de 24 anos, acha que a construtora está "colocando o lucro acima da coletividade" e que os moradores não foram avisados com antecedência sobre esse aluguel. "Colocaram os representantes no nosso grupo e falaram como se não fosse nada ter 370 homens como vizinhos, de repente", destacou o morador.

Ele ainda pontua que a preocupação é como os trabalhadores irão residir no condomínio, visto que, na manhã de hoje, um caminhão chegou até o local para entregar centenas de colchonetes e geladeiras. "Eles estão querendo passar a faixada de que estão colocando os trabalhadores em um condomínio de luxo, mas com o que eles estavam trazendo, não sabemos se os trabalhadores irão ficar em situação de insalubridade. Talvez seja caso de acionar até o MPT (Ministério Público do Trabalho), pela quantidade de trabalhadores", relatou o funcionário público.

Print de mensagem enviada por síndico do condomínio. (Foto: Reprodução/Direto das Ruas)
Print de mensagem enviada por síndico do condomínio. (Foto: Reprodução/Direto das Ruas)

Outro morador, técnico em telecomunicações, de 46 anos, que não quer ser identificado, conta que os filhos brincam na área externa do residencial e está preocupado: "Com esse monte de gente, não sei se conseguiremos garantir a segurança do condomínio. Nós temos um regimento a seguir. Se nós não podemos fazer isso, por que eles podem?", questiona o morador. Ele relata que o contrato entre a construtora e a terceirizada responsável pelos trabalhadores pode ser considerado "desleal", pois foi fechado na "surdina", no dia 12 deste mês.

"Eles deviam avisar sobre essa situação quando compramos o apartamento, pois nos venderam um paraíso, um lugar calmo, de tranquilidade", finalizou o técnico em telecomunicações. No Artigo Vl das regras do residencial, é posto a respeito da proibição do aluguel dos apartamentos para terceiros.

Artigo VI do regimento interno do Residencial Virgínia (Foto: Reprodução)
Artigo VI do regimento interno do Residencial Virgínia (Foto: Reprodução)

A empresa Facilitá, responsável pela gestão do condomínio, informou por nota que em primeira análise foi constatado que o contrato de locação entre as duas empresas fere o previsto no Artigo 1.2, VI do Regimento Interno do condomínio. "Estamos em diálogo com a empresa Hannah Engenharia, uma vez que a mesma é proprietária de 61 unidades, bem como com os moradores que são proprietários há anos no condomínio, tentando solucionar da melhor forma possível sem causar prejuízos para ambas as partes", finaliza a nota.

A Suzano, empresa para a qual a Imetame presta serviço, informou exigir das terceirizadas que atuam na construção da sua nova fábrica em Ribas do Rio Pardo o cumprimento rigoroso à legislação trabalhista e o acordo sindical vigente, seguindo ainda rígidas normas da empresa relacionadas a condições de moradia, alimentação, saúde e bem-estar de cada colaborador(a). Desta forma, no caso da situação sobre a locação de apartamentos em um condomínio no município de Campo Grande por empresa terceira, que eventualmente esteja ferindo a legislação vigente, irá apurar se ocorreu alguma irregularidade no processo de locação por parte do seu prestador.

A empresa responsável pelos trabalhadores que irão se mudar para o residencial, Imetame, informou que a locação dos apartamentos foi feita em consonância com imobiliária responsável e o proprietário.

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