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Direto das Ruas

Depois de ficar 5h na fila, auxiliar tem vacina negada por não ter diploma

Informação dada no drive do Albano Franco foi de que profissional de saúde era só quem tinha diploma

Paula Maciulevicius Brasil | 05/05/2021 12:40


Aos 22 anos, a auxiliar de sala de exame em uma clínica de diagnósticos da Capital estava contando os dias para conseguir ser vacinada. Há três anos trabalhando como profissional de saúde, nessa terça-feira (4), ela enfrentou 5h de fila no drive montado no Albano Franco para voltar à estaca zero. Isso porque ao chegar no primeiro atendente, ouviu a negativa.

No vídeo que abre esta matéria aparece o militar do exército dizendo que não, e quando a jovem explica que as demais colegas, inclusive recepcionistas da clínica tinham sido vacinadas, ele responde "sorte delas, mas não. Não está previsto para hoje".

No calendário divulgado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), poderiam se vacinar ontem (4), trabalhadores da saúde de 21 anos ou mais, pessoas com comorbidades de 45 anos ou mais, trabalhadores da educação básica e superior e profissionais da assistência social acima de 40 anos, além das gestantes e puérperas. O calendário também informava o Albano Franco, ponto onde a auxiliar procurou, como local de imunização.

As imagens abaixo foram feitas pela auxiliar antes de entrar na fila, pouco antes das 15h.

"Enfrentei fila por 5h, até que cheguei no atendimento às 19h50 e o primeiro funcionário a me encaminhar para a fila foi muito grosso. Quando chegamos na enfermagem, eles disseram que eu não tinha direito, que teria de ter ensino superior ou carimbo do médico", conta a auxiliar que pediu para não ser identificada.

Indignada, ela procurou o Campo Grande News para denunciar a situação e repetiu o que havia explicado ontem. "Onde trabalho todos os funcionários já foram vacinados. Não fui a primeira a passar por isso, não é fácil enfrentarmos uma fila à toa para chegar na nossa vez e dizer que não temos direito", enfatiza.

No Albano Franco, a jovem afirma que nem quiseram verificar os documentos que ela levava e sequer olharam no sistema de vacina se o cadastro estava correto. "Os veículos que estavam à minha frente também não foram vacinados com a mesma desculpa", completa.

Depois de compartilhar a sua experiência, a auxiliar soube de um colega que passou pela mesma situação, mas conseguiu ser vacinado no Impcg, para onde a jovem se dirigiu para a segunda tentativa. "Lá foi super rápido, atenderam com atenção, e não tinha muita fila", diz aliviada.

O questionamento da auxiliar é de saber porque negaram no drive, já que ela estava dentro dos critérios, havia feito todo o cadastro e lida diariamente com pacientes de covid. "Trabalho como auxiliar de sala dos médicos, levo o paciente para realizar o exame. Fazemos tomografia em muitos que estão com covid", conta.

Aliviada por ter conseguido ser vacinada, a jovem ficou pensando nos demais que também saíram do Albano Franco sem serem vacinados. "Quero saber por que isso está acontecendo. Todos precisa de vacina, não tem ninguém se desgastando em uma fila quilométrica para chegar e não ser vacinado", desabafa.

No cadastro para a vacinação, os profissionais de saúde preenchem um questionário com dados pessoais e precisam obrigatoriamente anexar um comprovante de vínculo que pode ser a imagem da carteirinha do conselho de classe, holerite ou documento de vínculo empregatício. No caso da auxiliar, ela tinha toda a documentação incluindo a carteira de trabalho onde é registrada como atendente de enfermagem.

O Campo Grande News questionou a Sesau sobre o fato e também sobre os critérios para vacinação de profissionais de saúde, a secretaria enfatizou que a vacinação deve ser feita em todos os trabalhadores que comprovem vínculo empregatício em um estabelecimento que presta serviços de saúde, e que clínicas de diagnósticos, como é o caso da auxiliar, estão incluídas neste espectro.

Quanto ao episódio, a Sesau informou que será acionada a coordenação do ponto de vacinação para entender melhor o que pode ter acontecido no momento em que seria aplicada a vacina. A secretaria completou dizendo que vai reforçar com servidores e equipes de apoio que não é necessária a formação em determinada área de atuação para a vacinação, apenas a comprovação, através de documento oficial, do vínculo empregatício.

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