Família acusa escola de Campo Grande de expulsar sobrinha por transfobia
De acordo com a tia, menina estuda há três anos na escola e só começou a ter problemas após se declarar trans
A autônoma Rosângela Rodrigues, de 63 anos, acusa a Escola Municipal Danda Nunes, que fica no bairro Vivendas do Bosque, em Campo Grande, de expulsar a sobrinha de 13 anos da unidade por transfobia.
De acordo com Rosângela, a menina estuda há três anos na unidade e nunca teve nenhum problema na instituição de ensino. Contudo, ao se declarar mulher trans no início deste ano, começou a ser apontada como uma aluna indisciplinada, que se envolvia em confusões com outros colegas.
"Nunca tivemos problemas, inclusive ela tem boas notas. Desde então, começamos a ser chamados por coisa ou outra", comenta, ao relatar que nesta quarta-feira (05) levou um 'baita susto', ao ser convocada no local por uma ocorrência séria da sobrinha com outra colega de classe.
Muito chateada, a tia, que cria a garota, diz que recebeu uma ligação e foi até a escola para ver o que tinha acontecido. "Entraram em contato comigo e minha irmã, nós duas fomos lá e disseram que ela tinha espancado uma aluna. Pedimos para chamar as duas e conversarmos para entender o que tinha realmente acontecido, mas se negaram", explica.
Na tentativa de entender detalhadamente o conflito entre as adolescentes e resolver a divergência, ela e a irmã pediram para ver as câmeras ou ter acesso a outras provas de que a menina havia sido espancada, mas também não conseguiram.
"Pra gente, ela diz que deu um tapa no braço, inclusive, depois a colega usou as redes sociais para pedir desculpas por mensagem e mesmo assim os diretores decidiram pela expulsão. Além de tirar ela da escola, a diretora disse que vai mandar ela para o conselho tutelar, até agora não entendemos o motivo", pontua.
A denúncia de agressão chegou à diretoria por um colega da vítima. Após levar o tapa, ela contou ao menino, que foi até o setor dizendo que ela foi espancada, segundo Rosângela.
A autônoma afirma ainda que até recebeu a transferência da sobrinha, e agora procura por uma nova escola para que ela não seja afetada. "Acho que pelo menos, eles deveriam deixar ela concluir o ano, mas foram irredutíveis", lamenta. "Ela já chorou muito, ficou chateado, está bem abalada", completa.
A Semed (Secretaria Municipal de Educação) afirmou ao Campo Grande News, que "o aluno trans em questão, desde o início do ano letivo, apresentou diversos comportamentos inadequados ao ambiente escolar. Foram registradas cinco atas por diversas questões envolvendo o aluno. A família dele foi chamada na escola, o aluno foi orientado diversas vezes, inclusive após advertências e suspensões, ele foi mudado de turno na escola. Por fim, esta semana, ele praticou violência física contra uma aluna", disse parte da nota.
"E devido ao histórico escolar recebeu a transferência, baseada nas normas estabelecidas no regimento escolar, para outra unidade da Rede Municipal de Ensino (REME). O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar, para orientação da família e do adolescente. A escola agiu para salvaguardar o bem estar de todos os envolvidos", continuou.
"Cumpre esclarecer que toda a orientação foi dada à família e ao aluno em questão ao longo do ano letivo. A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) também tem atuação específica em assuntos de gênero, garantido que todos recebam informações adequadas e sejam acolhidos. As regras estabelecidas nas escolas são para todos e devem ser cumpridas, levando sempre em consideração o respeito mútuo", concluiu o texto via assessoria.
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