Mau cheiro provocado por fezes de andorinhas gera prejuízo a comerciantes
Proprietários de restaurantes da região no Trevo Imbirussu falam sobre os prejuízos causados pela situação
Há pelo menos dois meses, os campo-grandenses que passam pelo Trevo Imbirussú, no Bairro Guanandi, observam no fim da tarde o pouso de centenas de andorinhas que passaram a utilizar três árvores como dormitório. Apesar do encantamento com as aves, o odor de fezes deixado pelos animais tem sido alvo de reclamações de comerciantes locais.
Joveni Xavier, de 56 anos, trabalha em frente ao trevo há três anos, a mulher conta que vendia caldo de cana, salgados e marmitex no local. Nos últimos dois meses, Joveni, assim como os vizinhos comerciantes que trabalham com alimentos na região, viram suas vendas caírem drasticamente, o motivo seria pelo fato das pessoas não conseguirem comer com o mau cheiro deixado pelas aves.
“Minhas vendas caíram uns 60%”, contabiliza. Para exemplificar o impacto, a mulher fala que, todos os dias, ia até uma conveniência comprar dois fardos de refrigerantes para os clientes consumirem no local, mas, atualmente, ela compra apenas uma caixa que tem durado oito dias. Ela também deixou de vender salgados, pois eles estavam estragando com a falta de clientes.
O caldo de cana que era chefiado pelo o esposo de Joveni também parou pela ausência da clientela. “Semana passada tive que jogar três fardos de cana fora porque eles estragaram, isso nunca tinha acontecido, já não tinha mais o que fazer. Os clientes chegam aqui e ficam até com ânsia de vômito com o cheiro, alguns reclamam e fico até com vergonha, mas não tem o que fazer”, explicou.
Joveni termina dizendo que dentro do trevo, havia um ponto de taxistas que se mudaram de local por conta do odor. Agora, o ponto foi para a Avenida Gunter Hans. Já os mototaxistas que não conseguiram mudar de local por falta de espaço, evitam ficar esperando os passageiros no ponto. "Quase não ficam ali e falam que só não mudam igual os taxistas, porque eles não têm para onde ir", disse.
Ao lado do ponto de táxi abandonado, Maria Madalena Pinheiro, de 42 anos, que lavava o comércio onde faz a venda de pizza e lanches, disse que joga água no espaço o tempo todo na tentativa de diminuir o odor. Ela que estava cuidando do ponto, que é da sua sogra, falou que não teria condições de ficar todos os dias trabalhando no local, porque em dias de chuva e sol, o cheiro é tão forte que incomoda ao seu filho de 1 mês.
"É insuportável, faz dois meses que aluguei o ponto e penso em me mudar", desabafou outra comerciante. Silvana Guimarães, de 28 anos, vende marmitex na rua lateral do Trevo Imbirussu e nos meses de trabalho no local, só conseguiu vender comidas para entrega, porque os clientes não se sentem à vontade para sentar nas mesas do restaurante para comer com o mau cheiro. Ela assume que tem dias difíceis até para ela ficar no estabelecimento.
Para o biólogo Alyson Melo, mestre em biodiversidade e conservação, o grupo de andorinha em algum momento irá deixar o local de forma natural, e qualquer medida de dispensamento dos animais precisa ser pensada por profissionais do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). “Não sei ao certo porque elas se juntam ali, pode ser por conta da alimentação disponível e porque ninguém está mexendo com elas, pode acontecer que em agosto quando muitos animais entram na época reprodutiva elas se separem, diminuindo o grupo dessa região”, falou.
Ele explica ainda que fazer o corte das três árvores do trevo, como alguns comerciantes sugeriram, não resolveria o problema. “Se cortarem, elas vão procurar outras árvores na região, não são apenas as árvores que mantêm elas ali”, pontuou. Nessa hipótese, os animais passariam a defecar em frente a casas e comércios vizinhos com árvores.
Apesar do mau cheiro que tem afetado diretamente quem trabalha no local, não existe nenhum estudo que afirme que a presença das aves traga doenças para humanos. Além de esperar que os animais se desloquem para outro lugar, usar uma ave de rapina para expulsar as andorinhas poderia ser uma solução pensada pelo órgão regulador.
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