Remédio contra convulsões está em falta há 4 meses na Capital, diz paciente
É a primeira vez que não encontra o medicamento em 7 anos de tratamento
Pela primeira vez em sete anos, desde que iniciou o tratamento para epilepsia, Bruna Araújo, 35, não consegue retirar um dos principais medicamentos que utiliza em unidades do SUS (Sistema Único de Saúde) de Campo Grande.
É o Valproato de Sódio, que previne convulsões. Ela soube que o medicamento está em falta na rede municipal de saúde há quatro meses, quando tentou retirá-lo pela última vez.
Moradora do Bairro Mata do Jacinto, afirma não encontrá-lo nem em unidades da região e nem de outras localidades. "Sempre respondem que não tem e não tem previsão de chegar", conta a paciente.
De acordo com a pesquisa feita por Bruna em diferentes farmácias neste mês de junho, o valor do remédio varia de R$ 73 a R$ 86 na Capital. Ela precisa de dois frascos para passar o mês, o que dá em média R$ 159.
Outros remédios - A mulher reclama da demora para reabastecimento do fármaco porque já precisa desembolsar valor alto, para o orçamento dela, na compra de outros remédios.
Ela faz uso de vários outros que não estão disponíveis no SUS. O mais caro é o canabidiol, que consegue comprar por cerca de R$ 700.
A paciente recebe benefício assistencial, por não poder trabalhar devido à epilepsia, e também recebe ajuda da família.
DIU - Os médicos que acompanham o caso de Bruna suspeitam que a epilepsia tenha relação com o ciclo menstrual, por isso, indicaram o uso de DIU (dispositivo intrauterino).
Ela também reclama da demora para conseguir a inserção pelo SUS da Capital. "Estou esperando já tem dois meses. Enquanto isso, ainda preciso tomar um anticoncepcional que compro na farmácia, pois também não tem nas unidades de saúde", pontua.
No País - A Sesau (Secretaria Municipal de Campo Grande) informou que o Valproato de Sódio está em falta por conta de indisponibilidade de matéria prima no mercado, e que desabastecimento afeta o SUS em todo o Brasil.
"Estamos em contato com os fornecedores para ver uma alternativa com o objetivo de assegurar que o fornecimento seja regularizado o mais breve possível", disse a pasta. Médicos avaliam quais medicamentos podem ser usados em substituição, também segundo a Sesau.
Quanto à baixa no estoque de diversos fármacos, como apontado nesta matéria do Campo Grande News, a secretaria argumenta mantém mais de 80% abastecidos, e que o número superior a média nacional. "Levantamento recente do Conselho Nacional dos Municípios apontou que quase 90% dos municípios do país têm sofrido com problemas para aquisição e regularização do fornecimento de medicamos por razões diversas, sendo a principal delas a falta do produto no mercado e entraves de ordem burocrática nos processos de licitação", pontua.
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Atualizada às 12h47 para inserir resposta da Sesau.