ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 25º

Dourados 80 Anos

Parques são “praia” dos douradenses, mas cidade poderia ter bem mais

Dos cinco parques do perímetro urbano de Dourados, dois têm boas condições, um está abandonado e dois nunca saíram do papel

Helio de Freitas, de Dourados | 07/12/2015 10:48
Parques são “praia” dos douradenses, mas cidade poderia ter bem mais
Parque Antenor Martins, na região oeste de Dourados (Foto: Divulgação)
Parque Antenor Martins, na região oeste de Dourados (Foto: Divulgação)

Dourados, que no dia 20 deste mês completa 80 anos de emancipação, bem que poderia ostentar o título de “Cidade dos Parques”. Cortada por quatro córregos, que pouco ou quase nada causam transtorno em épocas de chuva, a cidade tem dois parques ambientais bem cuidados, mas a estrutura ainda é pouca para atender uma população de 210 mil habitantes. Poderia ser melhor se o terceiro parque existente fosse conservado e se outros dois projetos tivessem saído do papel.

O Parque Antenor Martins, no Jardim Flórida, já foi o “queridinho” da cidade. Recebeu vários grandes eventos, shows e festas organizadas pelo poder público, como a já tradicional “Festa do Peixe”, que incluía um torneio de pesca no gigantesco lago artificial existente no local.

Mas o parque não recebe mais os mesmos cuidados. Depois que foram iniciadas obras de revitalização e construção de uma pista de caminhada, o parque localizado no Jardim Flórida, na região oeste da cidade, ficou meio de lado. Até os moradores dos bairros vizinhos não vão mais ao local como antes.

Atualmente o mais badalado é o Parque Ambiental do Córrego Rego D’Água Primo Fioravante Vicente, no Jardim Água Boa, região sul da cidade. Rodeado por uma pista de caminhada de 2 km, usada diariamente por centenas de moradores, o parque tem lago artificial, quadras de esportes e até uma academia de saúde.

A Festa do Peixe, que em anos anteriores ocorria no parque do Jardim Flórida, em 2015 aconteceu no Parque Rego D’Água, que ainda está em obras, mas é o mais bem cuidado da cidade.

Arnulpho – Muito usado por jovens e esportistas até a década de 90, o Parque Ambiental Arnulpho Fioravante, atrás do terminal rodoviário e do shopping da cidade, não recebe mais visitantes. Apenas a pista de caminhada ainda é usada, mas os quiosques viraram ruínas, o lago, tão grande quanto o do Antenor Martins, não é cuidado.

O projeto de revitalização nunca saiu do papel. Por outro lado, o parque tem uma grande população de capivaras. A área do parque é cercada para evitar a fuga dos animais e nesse espaço funcionam a sede da Guarda Municipal e do Imam (Instituto Municipal de Meio Ambiente).

Dourados deveria ter outros dois parques – do Córrego Paragem e do Córrego Laranja Doce –, mas o projeto nunca foi colocado em prática.

Para o arquiteto e urbanista Luiz Carlos Ribeiro, os córregos da cidade, onde existem os parques, foram mal cuidados na expansão da cidade. “Os rios e córregos existem há milhões de anos. São elementos naturais da paisagem. Foi a cidade que surgiu depois. Então não é lógico que o elemento natural se adapte ao elemento artificial. A prática urbanística no Brasil tem se dado exatamente no sentido contrário. Em Dourados não tem sido muito diferente. A maioria dos fundos de vales e seus córregos continua sendo invadida por conta de uma especulação imobiliária irracional e perversa, patrocinada por nossos governantes, comprometidos pela teoria do desenvolvimentismo sem fronteiras”.

Em 1994, Ribeiro projetou e iniciou o movimento “pró-Parque Ecológico Córrego Laranja Doce”. Na mesma época surgiu a SALVAR, Sociedade de Defesa Ambiental, que encampou a preservação e criação de parques ambientais na cidade.

Luiz Carlos Ribeiro cita que a atuação da Salvar, apesar de não ter alcançado ainda todos os seus objetivos, foi fundamental para a criação e preservação dos parques.

“Propusemos a criação e implantação dos parques lineares e uma forma organizada de ocupação dos fundos de vales dos demais córregos. Mais recentemente travamos intenso debate pela preservação do Córrego Curral De Arame em vista a desmedida e irracional ampliação do perímetro urbano de Dourados sem nenhum cuidado com aquele fundo de vale extremamente sensível e fundamental . Trata-se de um afluente do Rio Dourados que desagua antes e muito próximo de nossa estação de abastecimento de água”, afirmou Ribeiro.

Parque Arnulpho Fioravante, próximo ao centro, é povoado por capivaras (Foto: Divulgação)
Parque Arnulpho Fioravante, próximo ao centro, é povoado por capivaras (Foto: Divulgação)
Nos siga no Google Notícias