“Detalhes burocráticos” atrasam contrato para venda de fábrica
Governo estadual esperava acerto até agosto, mas já adiou expectativa para outubro
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O governo do Estado esperava que o contrato para venda da UFN3, fábrica de fertilizantes inacabada em Três Lagoas, fosse oficializado até agosto. Mas, até agora, o negócio entre a Petrobras e o conglomerado russo Acron não foi assinado.
De acordo com o titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, as partes ainda acertam “cláusulas e detalhes burocráticos”. A administração estadual estima que a venda seja fechada até outubro.
Mesmo com a demora, Verruck reafirmou que as obras da planta devem ser retomadas na próximo ano. Segundo ele, as partes do acordo que couberam a governo estadual e prefeitura de Três Lagoas seguem em pé. O secretário foi ouvido pela reportagem durante inauguração da usina de tratamento de resíduos da Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul).
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Em julho deste ano, representantes da Petrobras, do conglomerado russo Acron e do governo estadual promoveram rodada de reuniões. O objetivo foi acertar detalhes da transferência dos incentivos fiscais concedidos por Mato Grosso do Sul à estatal para a empresa que vai assumir a UFN3.
Entre os incentivos fiscais que serão repassados à Acron estão isenção da alíquota de 10% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na importação de equipamentos para a fábrica, e desconto de 75% sobre a cobrança do mesmo imposto na exportação da ureia produzida para fora do Estado. O investimento russo na unidade está estimado em R$ 1 bilhão.
No primeiro dia de agosto, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) chegou a comemorar o fechamento do negócio, durante agenda pública.
Obra parada – A fábrica de fertilizantes nitrogenados instalada em Três Lagoas não foi concluída. As obras começaram em 2011 e foram paralisadas em dezembro de 2014 - com 81% finalizadas -, quando a Petrobras rescindiu contrato com o consórcio responsável pela construção. A estatal alegou descumprimento do contrato.
As conversas para venda da fábrica foram iniciadas após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Em junho, a Corte liberou a venda do controle acionário de subsidiárias de empresas públicas e sociedades de economia mista, sem que para isso seja preciso aval legislativo ou processo de licitação.
O governo do Estado estima que, com a retomada, o complexo vai gerar mil empregos diretos e aproximadamente 10 mil postos de trabalho indiretos.
A planta de fertilizantes nitrogenados tem capacidade de produção de 761,2 mil toneladas/ano de amônia e 1.223 mil toneladas/ano de ureia granulada. O complexo é composto por unidade de geração de hidrogênio, unidade de produção de amônia, unidade de produção de areia, de granulação, utilidades, áreas de estocagem e expedição.