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Economia

Alegando 6 mil demissões no ano, comércio celebra feriado com as portas abertas

Dia do Trabalho sempre foi destinado a folga, mas pandemia forçou setor a abrir para diminuir prejuízo

Gabriel Neris | 29/04/2021 12:17
Movimentação de pessoas no comércio de Campo Grande (Foto: Arquivo)
Movimentação de pessoas no comércio de Campo Grande (Foto: Arquivo)

Primeiro de maio, Dia do Trabalho, será celebrado no próximo sábado com o comércio varejista funcionando a todo vapor. A data destinada tradicionalmente a comemoração e folga dos trabalhadores deve se aproveitada para o setor tentar diminuir o prejuízo provocado pela pandemia da covid-19.

Há anos o dia era destinada ao lazer dos trabalhadores, como passeio ciclístico e sorteio de brindes. Na Capital, o transporte coletivo era gratuito ou contava com desconto no valor da passagem. No ano passado, ainda no início da pandemia, as atividades já haviam sido canceladas, ainda por precaução do que poderia ocorrer.

“Estamos considerando como um dia de celebração. Um dia inusitado, comemorando a vida, a manutenção dos empregos. É o jeito”, diz Adelaido Spinosa Vila, presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) de Campo Grande.

O feriado também é próximo do Dia das Mães, celebrado no segundo domingo de maio (8), e principal data para o setor depois do Natal.

“Os sindicatos [dos trabalhadores] tiveram uma maturidade nunca antes vista. Um precisa do outro. Um tentando manter o emprego, o outro seu negócio. Gostaríamos de estar de folga, descansando, mas hoje vivemos um momento de guerra”, completa Adelaido.

Mulheres observam roupas em loja da Capital (Foto: Arquivo)
Mulheres observam roupas em loja da Capital (Foto: Arquivo)

Somente em Campo Grande, o setor acumula 6.176 desligamentos de trabalhadores registrados em carteira ao longo deste ano, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

O saldo de março ainda foi positivo, com abertura de 239 novos postos de trabalho, entretanto o número de contratados caiu pela metade na comparação com fevereiro. No segundo mês deste ano o saldo do setor na Capital foi de 485 admissões.

O secretário-executivo do Sindicato do Comércio Varejista, Sebastião Conceição, explica que a abertura se deu através de negociação com os representantes dos trabalhadores.

“Reconhecemos a importância dessa data para o colaborador. É crucial para o empresário abrir nesse dia, antecipa o Dia das Mães evitando aglomeração e [gera] renda extra para o colaborador”, avalia.

Em nota, a ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) avalia a possibilidade de abertura do comércio como positiva.

“A flexibilização é importante para que o empresário possa decidir o que é melhor para o seu negócio, pois as empresas precisam se recuperar do período de restrições das atividades e aproveitar para atender o consumidor que buscará presentes para o Dia das Mães”.

Porém, a entidade alerta para os encargos trabalhistas e sindicais. “Em situação de pandemia, a ACICG vê com indignação a imposição de um custo tão elevado neste feriado, uma vez que a empresa será onerada em R$ 90 a mais por funcionário, além de ter que conceder a folga compensatória e pagar mais R$ 15,00 por colaborador ao sindicato. Um ônus realmente pesado e desnecessário para o momento que vivemos e nesse ponto manifestamos a nossa discordância. Com isso, a entidade ressalta que é preciso que cada empresa analise se compensa abrir neste dia”, completou.

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