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Economia

Apesar da facilidade, Pix “parcelado” pode ser outro vilão do endividamento

Especialistas apontam que na hora de usar modalidade é preciso ter planejamento financeiro e atenção aos juros

Por Mylena Fraiha e Gabi Cenciarelli | 15/02/2025 12:45
Apesar da facilidade, Pix “parcelado” pode ser outro vilão do endividamento
Página inicial de banco mostra opções de parcelamento via Pix (Foto: Henrique Kawaminami).

A possibilidade de fazer um Pix instantâneo, mas sem dinheiro na conta, já existe com a opção de parcelamento oferecida por alguns bancos, mas sem a regulamentação do Banco Central. Contudo, essa facilidade pode se tornar um “pesadelo” se não for bem planejada, e tem se tornado uma nova forma de endividamento entre os clientes, segundo especialistas em educação financeira.

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A modalidade de Pix parcelado, oferecida por alguns bancos sem regulamentação do Banco Central, permite pagamentos instantâneos sem saldo, funcionando como um empréstimo pessoal. Apesar de útil em emergências ou quando o cartão de crédito está comprometido, especialistas alertam para o risco de endividamento devido aos juros elevados. A prática, popular entre jovens, exige planejamento financeiro cuidadoso para evitar dívidas. Recomenda-se comparar taxas de juros e avaliar o impacto no orçamento antes de optar por essa forma de pagamento.

Na prática, essa modalidade funciona como um empréstimo pessoal no aplicativo do banco. Quando o consumidor opta por fazer um pagamento parcelado com Pix, ele escolhe o valor e o número de parcelas, além de verificar os juros aplicados à operação e as taxas, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Uma vez concluído o processo de contratação, a transferência é enviada automaticamente ao lojista ou prestador de serviços, que recebe o valor integral da transação. Depois, nas datas combinadas, o banco desconta as parcelas diretamente da conta corrente do cliente.

No entanto, o Pix parcelado, ao contrário do Pix convencional, não é apenas uma divisão do valor a ser pago. Embora tenha um funcionamento semelhante, ele opera como um crédito ou financiamento. Ou seja, há um pagamento em parcelas, geralmente com incidência de juros.

A educadora financeira Sabrina Mestieri Nakao explica que, para usar essa modalidade, é necessária uma análise de crédito do cliente. “Funciona como um financiamento; o banco faz uma análise de crédito antes de liberar o parcelamento”, afirma.

Segundo Sabrina, o Pix Parcelado pode ser útil em algumas situações, como quando o lojista não aceita cartão de crédito e o consumidor precisa parcelar a compra, ou quando o limite do cartão de crédito está comprometido, mas há crédito aprovado para o Pix parcelado.

Ela também aponta que pode ser vantajoso quando a taxa de juros do Pix Parcelado for menor do que outras opções de crédito, como o rotativo do cartão, ou quando a pessoa precisa pagar um boleto urgente e não tem saldo disponível, mas quer evitar um empréstimo tradicional.

Apesar da facilidade, Pix “parcelado” pode ser outro vilão do endividamento
Fernanda diz que apesar de saber que essa modalidade traz juros, explica que sempre a utilizou (Foto: Henrique Kawaminami).

Entre os moradores de Campo Grande, a modalidade é conhecida e atrai especialmente os jovens. Um exemplo é a atendente Fernanda Araújo, de 19 anos, que, apesar de saber que essa modalidade traz juros, explica que sempre a utilizou. “Eu sei que tem juros, e é muito alto. Acaba virando outro valor, e isso dói no bolso”, comenta.

Fernanda também já se endividou devido a essas transações. “Já me endividei, porque é tanta conta que acumula com isso e depois fica difícil pagar. Mas quem mandou gastar?”, diz ela.

Apesar da facilidade, Pix “parcelado” pode ser outro vilão do endividamento
Leonardo diz que explica que usa o Pix no crédito, em forma parcelada, mas apenas em casos de emergência (Foto: Henrique Kawaminami).

Já o supervisor Leonardo Sá Moreira Lobo, de 45 anos, explica que usa o Pix no crédito, em forma parcelada, mas apenas em casos de emergência. “Às vezes a gente acaba usando, mas quando precisa só, porque tem umas taxinhas. Não é costume, é só uma questão de emergência mesmo”, explica.

Por outro lado, a atendente de padaria Marinalva Ayala, de 44 anos, afirma que já sabia da possibilidade de usar o Pix de forma parcelada, mas nunca optou por isso. “Não me interessei, porque pelos juros não vale a pena. Acaba criando mais dívidas".

Apesar da facilidade, Pix “parcelado” pode ser outro vilão do endividamento
Marinalva explica que já sabia da possibilidade de usar o Pix de forma parcelada, mas nunca optou por isso (Foto: Henrique Kawaminami).

Planejamento financeiro - O Pix parcelado é seguro e utiliza o mesmo sistema de proteção do Banco Central aplicado ao Pix tradicional. No entanto, é essencial que o usuário escolha instituições financeiras reconhecidas e confiáveis para evitar riscos associados a golpes e fraudes.

Além disso, conforme explicado pelo economista e consultor de finanças pessoais Eugênio da Silva Pavão, o Pix Parcelado é bom quando a pessoa é disciplinada e tem noção dos gastos diários. “A pessoa tem que fazer uma programação anual. Anotar tudo o que ela gasta com alimentação, aluguel, medicação. A partir disso, ela saberá quantos por cento poderá gastar com lazer, viagens e aquisição de roupas”, orienta.

A opinião de Sabrina também é compartilhada por Eugênio, que destaca a necessidade de atenção com as taxas de juros, já que, em muitos casos, elas chegam a ser maiores do que as de um cartão de crédito.

“O valor das parcelas pode comprometer o orçamento mensal, causando dificuldades financeiras futuras. Em caso de inadimplência, a dívida pode crescer rapidamente devido a juros e multas”, lembra Sabrina.

Segundo ela, antes de usar o Pix Parcelado, é importante ter alguns cuidados, como comparar os juros com outras opções de crédito, como cartão de crédito ou empréstimos, e avaliar o impacto das parcelas no orçamento, para evitar descontrole financeiro. “É preciso ler as condições do banco ou fintech, pois cada instituição pode oferecer taxas e prazos diferentes. E evitar parcelar compras supérfluas, pois os juros podem tornar a compra muito mais cara”, aconselha a educadora financeira.

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