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Economia

Arauco apresenta estudo para licenciar indústria de R$ 28,3 bilhões em MS

Rima traz os dados desde as obras, que envolverão 12 mil pessoas no auge, até a operação, com 1.070 empregos

Maristela Brunetto | 21/06/2023 16:50
Arauco será instalada a 35 km de Inocência; cidade deve se destacar na economia do Estado (Fotos: Reprodução Rima)
Arauco será instalada a 35 km de Inocência; cidade deve se destacar na economia do Estado (Fotos: Reprodução Rima)

A empresa chilena Arauco Celulose do Brasil S/A apresentou o RIMA (Estudo de Impacto Ambiental) para o início do processo de obtenção de licença para a fábrica que instalará em Inocência, na região do Bolsão sul-mato-grossense, um projeto estimado em R$ 28,3 bilhões. A empresa reúne no documento os passos para a implantação da fábrica, os impactos que o projeto pode causar e as medidas mitigatórias.

O documento revela como vai implantar o projeto de produção de celulose branqueada a partir do processamento de toras de eucalipto, iniciando com a retirada das cascas, picagem, estocamento, cozimento e secagem e cada etapa química envolvida, como a dissolução das fibras da madeira enquanto é cozida. Cada fase, explica o RIMA, será feita com as tecnologias mais avançadas para reduzir impactos ambientais e garantir eficiência nos processos, com menos perdas. Serão produzidas na unidade 5 toneladas de celulose, com previsão de emprego de 10,5 toneladas de eucalipto para cada linha de produção

A obra tem previsão de início em 2025, com duração estimada de 40 meses e início de operação no primeiro trimestre de 2028. No auge da construção, é esperada a presença de 12 mil trabalhadores; para o funcionamento, serão 1.070 pessoas.

A fábrica será implantada à margem da MS-377, que liga a BR-262 a Paranaíba, a 35 quilômetros do perímetro urbano de Inocência. Além da cidade, Três Lagoas também deve sentir impactos financeiros com a instalação do empreendimento.

O local foi escolhido levando em conta a condição da área, a logística da região, os incentivos fiscais, a localização da cidade e o rumo dos ventos e até a proximidade de um curso de água, no caso o Rio Sucuriu. A empresa coletará água e utilizará o rio para os resíduos, após processo de tratamento dos efluentes. O projeto incluirá uma estação de tratamento de água e reservatório. A existência de áreas para criação de florestas também foi um fator que influenciou.

Rio Sucuriu, que passa na região; água será utilizada no processo industrial
Rio Sucuriu, que passa na região; água será utilizada no processo industrial

O estudo aponta que a implantação incluirá a construção de alojamento para 9 mil trabalhadores, com um ambulatório, uma via de acesso, local para recebimento da matéria-prima, as estações para tratamento de água e de efluentes, a terraplanagem, até geração de energia para uso na fábrica consta no projeto da Arauco. Para a implantação, será necessário remover 69,3 hectares de vegetação; a área já é antropizada, vinha sendo utilizada para a pecuária.

Entre as medidas mitigatórias que adotará, a Arauco menciona a recuperação de áreas, aponta que o regramento estadual prevê o plantio de 5 árvores para cada extraída; uso de tecnologia para minimizar ruídos, odores, gases; durante a obra gerenciar os resíduos e buscar o reaproveitamento e reciclagem. Consta, ainda, que a empresa, manterá programa voltado à fauna, sobre afugentamento e captura e monitoramento, além de também acompanhar a qualidade da água do rio. O documento menciona 16 frentes de ação.

Boom de desenvolvimento -  Desde que formalizou a instalação da unidade em Mato Grosso do Sul, a empresa mantém reuniões periódicas de diretores com autoridades no Estado, para o projeto ir ganhando forma gradativamente. Lideranças locais também são contactadas, segundo a empresa, para os impactos da chegada da gigante serem diluídos e não causar problemas na cidade. Entre as medidas planejadas estão  a construção de uma escola e a qualificação de trabalhadores locais para o aproveitamento preferencial da mão de obra.

Recentemente, o prefeito da cidade, Antônio Angelo dos Santos, revelou otimismo com o empreendimento, apontando que Inocência deverá ficar entre a 6ª e a 10ª economia do Estado, estando hoje na 48ª posição. Conforme constou no Rima, a cidade tinha em 2021 a média salarial de 1,9 mínimo, com a indústria representando 6% do PIB, enquanto a vizinha Três Lagoas, que também deve sentir reflexos econômicos e já tem outras empresas instaladas, tem média salarial de 2,9 salários e a indústria representando 53% do PIB.

A localização e logística foram fatores analisados para a escolha da região
A localização e logística foram fatores analisados para a escolha da região

A região leste do Estado acabou por se tornar um polo de celulose, com empresas se instalando desde Ribas do Rio Pardo até Três Lagoas. Inocência se insere um pouco mais acima, rumo a Paranaíba. Para favorecer o transporte de produtos, a região tem rodovias e ferrovia, além da proximidade com o Estado de São Paulo.

Licenciamento – O Rima é um documento de acesso público. Ele ficará disponível por 45 dias para consulta, conforme o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), depois, será marcada uma audiência pública em Inocência para o debate do empreendimento. Havendo aprovação do projeto, a empresa primeiro deverá obter uma licença-prévia, após a de instalação, para o começo das obras e, por último, a de operação.

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