Aumento de 10% e dúvida sobre Fies tiram sono de alunos de Medicina
Dois impasses ainda roubam o sono de alunos e pais de estudantes do curso de Medicina da Anhanguera-Uniderp. No caso dos veteranos que só cursam Medicina graças ao Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), o aumento na mensalidade gerou diferença de R$ 500 mensais, dinheiro que muitos alegam não ter. Para calouros, o problema é a incerteza. Até hoje ninguém sabe se o MEC (Ministério da Educação) vai continuar a conceder o Fies à Uniderp.
Para a mãe de uma aluna, do 1º semestre, a situação beira o caos. "As aulas começaram ontem (19) e ninguém fala vamos ter o Fies ou não. Permitiram que as aulas começassem. Mas, e se o Fies não se confirmar? Vou ter que tirar minha filha da universidade, vou perder o que paguei na matrícula e ainda vou sair devendo a primeira mensalidade?", questiona a mãe, que preferiu não se identificar.
Prejuízos - De acordo com o advogado Paulo Henrique Menezes, as regras da Uniderp preveem rescisão do contrato com a empresa até 7 dias após o início das atividades letivas. Caso esse prazo se encerre e o Fies não seja liberado, os alunos terão duas opções: passar a pagar a mensalidade integralmente, do próprio bolso, ou desistir do curso, sem nem poder trancar a matrícula.
Caso escolha a segunda opção, o aluno terá que pagar multa e ainda perderá o dinheiro que investiu até então, gastos na matrícula e na primeira mensalidade.
Para a autônoma, a universidade precisa baixar o valor da mensalidade para garantir o contrato com o Fies e, assim, garantir a realização do sonho da graduação. "A universidade precisa dar satisfação. Eles falam que estão à disposição, mas ninguém sabe de nada, ninguém define isso", desabafa.
Outro lado - Em nota ao Campo Grande News na manhã desta sexta-feira (20), a instituição garante que o Fies está mantido. "A Universidade Anhanguera-Uniderp tranquiliza seus alunos informando que manterá o FIES e os aditamentos já podem ser realizados. As novas contratações para o financiamento serão liberadas a partir do dia 23 de fevereiro, conforme noticiado pelo MEC", diz a nota.
"Comprometida com seus alunos e respeitando os contratos firmados, a Anhanguera-Uniderp coloca-se à disposição para sanar quaisquer dúvidas adicionais", finaliza o texto. Apesar da mensagem, pais e alunos garantem que a universidade não tem se posicionado.
Dívida de R$ 70 mil - Para o advogado, o prejuízo dos recém-aprovados será grande, mas a situação dos veteranos que contam com o Fies é ainda pior. Isso porque, neste ano, esses estudantes precisarão pagar valores excedentes porque não poderão contar com a cobertura total do financiamento estudantil.
A veterana Jéssica Yara conseguiu renovar seu contrato com o Fies, no entanto, precisará pagar, todo mês, R$ 500 a mais para continuar cursando Medicina. "O Fies cobre R$ 37 mil por semestre, mas a Uniderp me cobra R$ 39.760 por semestre. Essa diferença deve ser paga em parcelas, o problema é que não temos como pagar essa diferença", explica.
"No ano passado o Fies cobriu 100% da mensalidade, mas, neste ano, não cobrirá mais devido a essa cobrança a mais da Uniderp. O problema é que a universidade trata a situação com total descaso. A gente vai lá procurando entender as cobranças, mas não resolvem nada", compartilha.
Em caso de desistência - Caso esses acadêmicos decidam desistir do curso, não sofrerão penalidades por parte da universidade, mas não vão conseguir recuperar dinheiro algum. Além disso, para complicar ainda mais a situação, o aluno terá que arcar com uma dívida de mais de cerca de R$ 75 mil, valor pago pelo Fies à universidade para que o aluno fizesse a graduação.
"Assim que o estudante abrir mão do curso, o banco gestor do financiamento irá atrás do aluno para que ele ressarça o investimento", finaliza o advogado.