Campo se moderniza e impulsiona qualificação profissional em MS
“São duas décadas de investimentos em tecnologia", diz superintendente do Senar-MS
O aquecimento do mercado de trabalho no campo está associado a série de fatores: avanço tecnológico, qualificação profissional, maior produtividade e decorrente aumento da produção. “São duas décadas de intensificação de investimentos em tecnologia, que fazem com que o setor agropecuário tenha recordes em produtividade e produção”, resume o engenheiro agrônomo Lucas Galvan, superintendente do Senar/MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Mato Grosso do Sul).
A produção agropecuária do Estado, como de todo o País, é baseada em ciência. “Mais da metade das pesquisas científicas do Brasil são voltadas para o campo”, informou o superintendente. Com a ajuda da ciência e tecnologia, o Brasil se tornou o segundo maior exportador de alimentos do planeta, superado apenas pelos Estados Unidos e, conforme projeção da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), será o líder mundial em 2024.
Para assegurar a continuidade e o avanço na competitividade, a agropecuária exige constante profissionalização do produtor rural e dos trabalhadores de modo geral. “Com a agricultura de precisão, por exemplo, o produtor precisa desenvolver novas habilidades, como interpretação de gráficos, para tomar as melhores decisões e aumentar sua capacidade gerencial”, ilustra Galvan.
A introdução de novas máquinas e equipamentos e a modernização das técnicas de manejo impulsionam, também, a qualificação da mão de obra. “Por mais básica que seja alguma atividade rural, ela exigirá melhor preparo dos trabalhadores”, nota o superintendente. “Há, hoje, uma procura grande por profissionais qualificados”, acrescenta.
Esse cenário fomenta o rendimento da mão de obra rural. “Isso fica claro na diferença entre o salário mínimo nacional, de R$ 937, e o salário mínimo rural no Estado, de R$ 1.306”, compara Galvan. Enquanto o primeiro teve alta de 6,08%, o segundo aumentou 7,58%, em relação aos valores do ano passado, que eram, respectivamente, de R$ 880 e R$ 963.
As mudanças em direções opostas do mercado de trabalho urbano e rural têm despertado interesse de profissionais da cidade por atividades do campo, de acordo com Galvan. “Temos, no Senar, muitos alunos que são trabalhadores urbanos”, observa. “E, no campo, essas pessoas não ficarão distantes das tecnologias. Internet, por exemplo, tem em grande parte das propriedades rurais”, detalha.
Produção – O resultado da equação avanço tecnológico e maior profissionalização é o volume crescente da produção nacional, com destaque a alguns estados, como Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil deve colher, neste ano, 238 milhões de toneladas de grãos, 27% a mais que na safra anterior. A produção sul-mato-grossense tende a crescer acima da média nacional: de 13,78 milhões de toneladas para 18,57 milhões de toneladas, alta de 35%.
Competitividade global – O crescimento da produção é impulsionado pela demanda mundial de alimentos. Essa situação global abre leque de ofertas de empregos no campo, mas também torna esse mercado exigente e seletivo.
“Em um mundo cada vez mais competitivo, a qualificação da mão de obra é o diferencial dos estados e países. No Brasil, como referência global, há muitas oportunidades, mas é preciso se qualificar. Sai na frente quem estiver preparado”, finaliza o superintendente do Senar/MS.
Éverton vê no contracheque o retorno da qualificação profissional
Qualificação foi a escada do crescimento profissional de Éverton Matoso Faria, 31 anos, que trabalha, atualmente, em Água Clara, como mecânico de máquinas florestais da empresa Fibria, gigante do segmento de papel e celulose.
Éverton aprendeu nova profissão para ingressar em área, que contabiliza números expressivos: a de floresta. De acordo com dados do Siga/MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de Mato Grosso do Sul), o Estado tem 950 mil hectares de plantio com eucalipto. Esse volume coloca Mato Grosso do Sul em terceiro lugar no ranking nacional, superado apenas por São Paulo e Minas Gerais, conforme a IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores).
“Aproveitei essa oportunidade, por ser uma área que está crescendo bastante”, afirma Éverton em referência à oferta de curso para a atividade. Terminada a qualificação, ele foi selecionado para trabalhar na Fibria.
O emprego na Fibria proporcionou ganho salarial a Éverton. De acordo com o site de carreira Love Mondays, o salário de mecânico de máquinas florestais chega a R$ 4,5 mil. Para dimensionar a melhoria de renda, o mecânico equipara seu antigo salário com um dos benefícios atuais. “O que tirava de pagamento na outra empresa tiro de vale hoje”, compara.
Éverton tem consciência que a qualificação é imprescindível para conquistar empregos com salários acima da média. “Com certeza, vai ter bastante oportunidade”, diz o mecânico, em referência ao profissional capacitado em um contexto de abertura de vagas para suprir demandas da agropecuária moderna.
“Não era mecânico antes. Por conta disso que aproveitei essa oportunidade, por ser na área de mecânica, uma área que tá crescendo bastante, precisa de bastante profissional. Então aproveitei essa oportunidade que a Fibria tá oferecendo”.
“É uma profissão não só boa, mas uma profissão ótima. Tem bastante oportunidade pra gente crescer”.
“Minha vida está bastante fácil em relação ao que tava. Pra você ter ideia, o que eu tirava de pagamento na outra empresa tiro de vale nesta empresa hoje”.
“Um profissional que busca constante a aprendizagem, com certeza ele vai ter oportunidade. Tem bastante oportunidade, não falta”.