Cana, eucalipto e seringueira disputam espaço com soja e milho em MS
Com espaço no mercado, o cultivo de cana-de-açúcar, eucalipto e de seringueira estão crescendo em Mato Grosso do Sul e disputam espaço com as tradicionais culturas de soja e milho. A mudança de cenário aparece no 39º volume da Produção Agrícola Municipal, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referente à safra do ano passado.
Apesar da diversificação de cultura, os grãos ainda continuam dominando tanto no quesito arrecadação quanto área plantada, mas a tendência é, cada vez mais, ampliar o leque de produtos cultivados, de acordo com o consultor do sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Clóvis Tolentino.
“Nos próximos 10 anos, vamos nos tornar o segundo maior produtor de seringueira do país”, apostou. A estimativa leva em conta a velocidade do aumento de área de plantio, registrado nos últimos anos. “Em 2012, eram 12 mil hectares de área plantada, neste ano, são 17 mil”, destacou.
Para o consultor, a diversificação só traz vantagens ao Estado, principalmente, no setor de seringueira por exigir bastante mão de obra e gerar boa rentabilidade. “A cada seis hectares, é necessário uma pessoa para trabalhar, com média salarial de R$ 1 mil”, ressaltou. “E, a cada 10 hectares de seringueira em fase de sangria, depois de sexto ano, a rentabilidade é de R$ 4 mil a R$ 5 mil mensais”, emendou.
Também em ascendência em Mato Grosso do Sul, estão os cultivos de cana e eucalipto. “Hoje, os dois dividem o terceiro posto de maior produção no Estado”, comentou Tolentino. Em 2012, de acordo com o IBGE, a cana ocupou área plantada de 558.664 hectares e rendeu R$ 2,16 bilhões.
Líder - Em todos os quesitos, a soja continua dominando a produção sul-mato-grossense, com arrecadação, no ano passado, de R$ 3,35 bilhões e área plantada de 1,8 milhão de hectares. Em 2013, já são 2,1 milhões de hectares de área cultivada, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Firme no segundo posto, segue a produção de milho, com arrecadação de R$ 2,34 bilhões, em área plantada de 1,2 milhão de hectares. “O levantamento do IBGE destaca a crescimento de 57% da produção do grão em Maracaju”, comentou o consultor da Famasul.
Para ele, a liderança tanto da soja quanto do milho ocorre por conta da colonização do Estado. “Vindos em sua maioria do Paraná e do Rio Grande do Sul, nossos migrantes trouxeram essa característica”, explicou. Além disso, Tolentino destacou o clima e solo favoráveis e as oportunidades de mercado.
Da mesma forma, ele atribuiu o crescimento do cultivo de cana, eucalipto e de seringueira no Estado. “O solo, o clima de Mato Grosso do Sul favorecem e também há mercado consumidor”, frisou.
Fruticultura – Apesar de a produção ser pequena, o consultor da Famasul fez questão de destacar o cultivo de algumas frutas, porém admitiu a tendência de o plantio não emplacar ao ponto de virar destaque. “O problema é a falta de técnicos na área, dá para contar nos dedos das mãos os que existem”, explicou.
Ivinhema, segundo Tolentino, virou pólo na produção de goiaba; Glória de Dourados teria boa produção de café e Eldorado, de melancia. “Temos também no Estado o cultivo de melão, laranja e coco”, acrescentou. “No total, temos 34 culturas em Mato Grosso do Sul”, finalizou.