Com 60% das frutas e legumes vindos de fora, preço de hortifrútis vai subir mais
Somente o preço das hortaliças deve baixar, devido ao clima favorável de outono
O valor do transporte continuará a preocupar o consumidor sul-mato-grossense, inclusive na hora de comprar produtos de hortifrúti. Ao menos 60% das frutas, verduras e legumes consumidos em Campo Grande e no interior do Estado vêm de fora, segundo a Ceasa/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul). Com isso, o custo com a aquisição desses alimentos não vai baixar tão cedo.
Os próximos meses no Estado devem ser marcados por queda no volume de chuvas e ocorrência de massas de ar quente e seca, principalmente a partir do início do mês de abril. O clima, característico da estação outono, é mais favorável à produção de hortaliças, que são mais frágeis às altas temperaturas comuns no verão. Com isso, o consumidor pode esperar alface, agrião e rúcula com preços mais baixos. Mas o "refresco" para por aí.
Recentemente, o Campo Grande News conversou com a comerciante Ana Paula Ferreira, proprietária do Sacolão do Pequeno, no Jardim Seminário. Ela disse que o preço do tomate disparou da semana passada para cá, como já noticiamos (veja aqui).
Transporte – Ela pagava cerca de R$ 60 na caixa do tomate, mas, atualmente, o item custa R$ 200. “Os fornecedores falam que é por causa da queda na produção e o encarecimento dos custos com transporte”, contou.
De acordo com o diretor de abastecimento e mercado da Ceasa/MS, Fernando Begena, no outono existem algumas frutas que são típicas dessa estação e que, portanto, têm mais oferta. “Porém, a variação nos preços será influenciada por outras situações, como preço dos combustíveis, insumos, frete, etc”, explica.
Ou seja, prepare o bolso para mais aumento no custo dos alimentos. O último reajuste no preço do diesel - e da gasolina - que vigora desde o dia 11 de março em todo o País, é um dos grandes responsáveis pela escalada dos preços.
A tão falada guerra da Rússia contra a Ucrânia desajustou o mercado mundial de petróleo e mexeu com o câmbio do dólar, moeda sobre a qual é cotado o preço do barril dessa fonte de energia, que é a matéria-prima do óleo diesel.
Volume - Em 2021, a Ceasa/MS comercializou mais de 200 mil toneladas de produtos hortigranjeiros. Deste volume, em torno de 88% foram importados de outros estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ainda segundo Begena. Esses itens dependem do transporte terrestre para chegar ao consumidor local.
Os 10 produtos mais comercializados pela central são tomate, batata, banana, laranja, melancia, cebola, repolho, maçã, cenoura e mamão. Além desses, abacaxi, melão, limão, tangerina, abóbora, mandioca, uva, alface, ovo e beterraba também estão entre os itens com maior volume de entrada na Ceasa/MS.
“Considerando que a maioria do hortifrúti que vem de outros estados passa pela Ceasa/MS para só depois ser distribuído para o abastecimento de Mato Grosso do Sul, entendemos que 60% dessas frutas, verduras e legumes consumidos pelos campo-grandenses e outros sul-mato-grossenses vem de fora”, detalha o diretor. Os 40% restantes ele estima que sejam comprados pelos consumidores diretamente dos produtores do próprio município, em feiras livres e outros mercados e supermercados.