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Economia

Condomínio maior que aluguel deixa "gigantes" abandonados no Centro

Em um apartamento anunciado em site, o custo do aluguel é R$ 1.200 e o condomínio sai por R$ 1.300

Rosana Siqueira | 04/03/2020 10:23
Prédios mais antigos tem taxas de condomínio mais elevados principalmente na área central. (Kisie Ainõa)
Prédios mais antigos tem taxas de condomínio mais elevados principalmente na área central. (Kisie Ainõa)

Quem procura imóveis para alugar no Centro de Campo Grande, principalmente, apartamentos maiores, muda rapidinho de ideia por conta da taxa de condomínio, muitas vezes, mais cara que o valor da locação. Essa diferença aumenta a cada ano a quantidade de imóveis "gigantes", com até 300 metros quadrados, que estão encalhados há mais de 5 anos na região central, sem interessados na locação.

É o caso, por exemplo, de imóvel de 225 metros quadrados, por R$ 1.200, em edifício situado na Rua 13 de Junho, onde a taxa de condomínio custa R$ 1.300. 

Na Afonso Pena, outra pegadinha confunde quem só olha o valor do aluguel. Quase em frente a Praça do Rádio Clube, a locação é de R$ 500 e a taxa de condomínio de R$ 964,00. Quase o dobro do preço. O anúncio mostra que é um apartamento enorme, com sala ampla, suíte com armário, 2 quartos, banheiro social, cozinha com armário, área de serviço, banheiro de serviço, despensa, garagem para 1 carro, mas nem piscina tem.

Na Rua 25 de Dezembro outro choque na comparação. Quem quiser viver em um apartamento de 236m² vai ter de pagar R$ 1.800 de aluguel e R$ 2.205,00 de condomínio.

Essa discrepância entre a aluguel e taxa de condomínio é mais comum do que se imagina. Não apenas em Campo Grande, mas nas principais capitais do País. 

De acordo com o presidente do Sindimóveis-MS, João Araújo, o alto valor de alguns condomínios está ligado ao custo de morar em prédio, ainda mais se for mais na área central. “O ideal é buscar negociação coletiva para baratear ou não ter reajuste proposto. O condomínio cobrado é pra cobrir custos de manutenção, como de elevador, porteiro e etc. O centro nunca esteve tão evidência. Morar nesta região tem os prós e contras”, avalia.

Ele explica que muitas vezes o que encarece o valor de condomínio em prédios antigos são as benfeitorias que precisam ser realizadas, como modernização de algumas partes do prédio como fachada, área social, área de lazer, garagens e pinturas. “As vezes entra como taxa extra as benfeitorias mas aí, isso depende das assembleias realizadas pelo síndico”, enfatizou.

O presidente do Sindimóveis alega ainda que no caso dos valores de condomínios, as imobiliárias não interferem . “Todo condomínio tem seu diretor ou síndico aí quem decide os valores são os condôminos”, explicou.

Em site de aluguéis, na Rua 25 de Dezembro apartamento de 236 m² tem taxa de R$ 2.205,00 condomínio
Em site de aluguéis, na Rua 25 de Dezembro apartamento de 236 m² tem taxa de R$ 2.205,00 condomínio

Mudança de hábitos – O presidente do Secovi-MS (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul), Marcos Augusto Netto, concorda com o alto valor do condomínio ligado as estruturas destes prédios mais antigos, que estão situados principalmente na área central. “São imóveis com até 600 metros quadrados cada, um apartamento por andar e muitos tem pessoas idosas morando. Então quando a pessoa chega tem manobrista, muitos com porteiros 24 horas, entre outros benefícios. Tudo isso encarece o condomínio”, destacou.

O custo da mão de obra nos prédios é um dos mais elevados na conta do condomínio, explica o presidente do Secovi-MS. “Isso sem contar a manutenção que em prédios mais antigos e mais cara e com menor número de apartamentos por prédio”, salientou.

Netto destaca ainda que nestes locais praticamente não existem áreas de lazer porque os hábitos mudaram muito desde o período em que eles foram construídos. “Não tem piscinas porque antes as pessoas iam até os clubes, e nem salões de festas, porque elas eram feitas em casa. Hoje estes hábitos mudaram e os chamados condomínios clube com academias completas, pet-shop, salão de beleza, vários salões de festa é que estão em alta no mercado”, avalia.

Em contrapartida, diz, o tamanho dos apartamentos reduziu muito e o rateio fica mais barato nestes grandes aglomerados. “É o mercado que está mudando”, concluiu.

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