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Economia

Da isca viva aos barcos de luxo: fim da piracema movimenta turismo de pesca

O período de defeso reservado à reprodução dos peixes vai até segunda-feira

Aline dos Santos e Bruna Marques | 26/02/2022 14:00
Eramo comprou isca viva e conta que está com saudades de pescar. (Foto: Henrique Kawaminami)
Eramo comprou isca viva e conta que está com saudades de pescar. (Foto: Henrique Kawaminami)

O fim da piracema, período de defeso reservado à reprodução dos peixes, na próxima segunda-feira (dia 28) já movimenta o turismo de pesca em Mato Grosso do Sul, numa escala que vai da isca viva a embarcações de luxo.

O maior investimento é para quem vai singrar pelo Rio Paraguai em barco-hotel cinco estrelas e cheio de conforto: piscina, academia, spa, sala de jantar climatizada, elevador. Em média, os pacotes variam de R$ 3 mil a R$ 7 mil por cinco dias de pescaria

De acordo com Cristina Moreira Bastos, da diretoria da Visit Pantanal (Associação de Turismo de Miranda, Aquidauana, Corumbá, Campo Grande e Bodoquena), os barcos cinco estrelas já começam a temporada de pesca com agenda cheia. “Graças a Deus, quando a pesca abre dá um respiro para todo mundo. Tudo reservado, ônibus de turismo chegando”, afirma.

As modalidades do turismo de pesca são com a clientela embarcada ou hospedada no entorno de rios, como o Miranda e o Paraguai. Nos grandes barcos, o pacote de cinco dias, que varia de R$ 3 mil a R$ 7 mil por pessoa, inclui café, almoço, jantar, bebidas, gasolina e isca viva.

“O preço depende do barco. Tem os pequenos, para oito pessoas, até barcos para 50 pessoas. Os maiores são de primeiro mundo”, afirma Cristina. Batizados de Kayamã, Comodoro e Peralta, as embarcações recebem famosos como Zezé di Camargo e Luan Santana.

Barco Kayamã navega no Rio Paraguai. Embarcação tem piscina, academia, spa,  elevador. 
Barco Kayamã navega no Rio Paraguai. Embarcação tem piscina, academia, spa,  elevador.

Em Porto Murtinho, cidade às margens do Rio Paraguai, a abertura da temporada de pesca movimenta a rede hoteleira. Na Pousada do Pescador, a lotação chega a 100% no período de 19 de março a primeiro de abril. O hotel tem 26 apartamentos.

De acordo com Marco Aurélio Nunes dos Santos, proprietário da pousada, a maior procura é por pescadores vindos de São Paulo, mas, nos últimos anos, vem se destacando a vinda de clientes do Paraná e Santa Catarina.

Ele explica que o turismo de pesca é estimulado por empresas, que fecham pacote para presentear os funcionários pelo cumprimento de metas. “Essa parte corporativa vem aumentando muito, graças a Deus. São empresas do agronegócio, farmácias”.

Na manhã de hoje, o empresário Erasmo Vieira, 51 anos, e a família cruzaram Campo Grande para comprar isca viva na saída para Aquidauana, na BR-262. “Eu pesco pelo menos uma vez por mês. Com a piracema, a gente acaba indo aos locais de pesca esportiva para matar a saudade”. Ele, a esposa e o filho estavam a caminho de Cachoeirão, distrito de Terenos.

Porto Murtinho retoma turismo de pesca no Rio Paraguai. (Foto: Henrique Kawaminami)
Porto Murtinho retoma turismo de pesca no Rio Paraguai. (Foto: Henrique Kawaminami)

O saudoso minhocuçu – Em meio à animação pelo retorno da temporada de pesca, a nota dissonante é o mercado de isca viva, com muitos comércios às margens da rodovia 262. Os comerciantes reclamam da proibição da venda da minhoca gigante, que classificam como a melhor das iscas.

Aparecida de Fátima, 62 anos, conta que abriu a primeira casa de iscas em Campo Grande, que está em atividade há 38 anos. “Eu mesma estou para desistir do ramo, com a proibição do minhocuçu ficou muito difícil. As regras que colocaram também”.

O comerciante Cleber Henrique Martins, 39 anos, afirma que o minhocuçu era o carro-chefe das vendas. Com a proibição, o lambari e a tuvira assumiram o posto de mais vendidos.

Lambari assumiu posto de isca viva mais vendida, após proibição do minhocuçu. (Foto: Henrique Kawaminami)
Lambari assumiu posto de isca viva mais vendida, após proibição do minhocuçu. (Foto: Henrique Kawaminami)

Serviço -  Quem tiver com planos de aproveitar parte do Carnaval praticando a pesca amadora precisa emitir a licença ambiental do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e ficar atento às regras.

Clique aqui para acessar a Cartilha do Pescador

Para emitir a Licença Digital de Pesca o interessado deve acessar o site do Imasul  (clique aqui) ou por meio do aplicativo MS Digital, disponível nas lojas de Android e iOS.

As regras - Desde 2020, só é permitido ao pescador levar um exemplar de peixes de espécie nativa (por exemplo: pacu, pintado, cachara, jaú), além de cinco exemplares de piranhas, dentro das medidas mínima e máxima. Se a espécie pescada estiver fora dos tamanhos permitidos, deve ser solta imediatamente no local. Já a pesca do dourado segue proibida até 2024, conforme Lei nº 5.321, de 10 de janeiro de 2019.

Com relação às espécies consideradas exóticas, não há cota, o pescador pode levar qualquer quantidade que conseguir pescar. São consideradas exóticas (não pertencem à fauna local) as espécies apaiari, bagre africano, black bass, carpa, peixe-rei, sardinha-de-água doce, tilápia, tucunaré, zoiudo, tambaqui.

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