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Economia

Dia de Finados garante lucro antecipado a vendedores ambulantes

Liana Feitosa | 30/10/2014 08:36
Dona Sarvia Lurdes comercia flores há cerca de 40 anos. (Foto: Alcides Neto)
Dona Sarvia Lurdes comercia flores há cerca de 40 anos. (Foto: Alcides Neto)

O Dia de Finados é uma oportunidade de reforçar o apertado orçamento de Rosilda Roberta, de 57 anos, que aproveita a data para dobrar o ganho do mês. Há 18 anos ela tira parte do sustento da venda de artesanatos e guloseimas na frente do Cemitério São Sebastião, conhecido como Cruzeiro, região norte de Campo Grande. Ela criou a família assim, tentando driblar a pequena margem de lucro que consegue da comercialização dos produtos.

Nesse feriado, o produto principal são arranjos de flores artificiais, feitos por ela mesma. "Compro os vasos, as flores, faço a massa que serve de base para o vaso, monto os arranjos. Um a um", conta. Os vasos são vendidos por preços entre R$ 10 e R$ 25, mas o ganho é de R$ 0,50 ou, no máximo, R$ 1,50. "Não é fácil, mas é o jeito que a gente tem para conseguir dar uma melhorada no orçamento no fim do mês", compartilha Rosilda.

"De sábado para domingo a gente dorme aqui mesmo (em frente ao cemitério) porque enche muito, aí precisamos pra vender logo cedo e pegar um bom ponto pra venda. A partir de 5h30 da manhã aqui já está cheio", explica.

Elaine e a família vendem flores no Dia de Finados há 30 anos. (Foto: Alcides Neto)
Elaine e a família vendem flores no Dia de Finados há 30 anos. (Foto: Alcides Neto)

Tradição - Essa realidade é compartilhada por Elaine Aparecida, 43 anos. Todos os anos, a artesã se junta à mãe, irmã e tias para reforçar a produção de arranjos vendidos em frente ao Cemitério Santo Amaro. "Há 30 anos minha mãe monta uma banca de flores aqui no Santo Amaro, nossa família toda se junta nessa época para arrumar tudo para o Dia de Finados porque essa é a principal data de comércio pra gente", aponta.

Para o feriado deste ano, só ela preparou 500 vasinhos de flores e cerca de 200 coroas artificiais e, apostando na data, ela e a família chegaram a alugar, por uma semana, um imóvel em frente ao cemitério. O local permite cuidar melhor da produção, do armazenamento e venda dos materiais. "Nossa expectativa é as vendas sejam boas porque é uma das poucas datas que temos a oportunidade de conseguir um rendimento extra", completa.

A dona Sarvia Lurdes, de 69 anos, está há cerca de quatro meses trabalhando para reforçar estoque de sua pequena loja, também em frente ao Santo Amaro. "Mudei de São Paulo para cá em 1974 e, pouco tempo depois, comecei a trabalhar com flores. Essa data é importante para nosso tipo de comércio", conta.

De acordo com Cirlene Alves, proprietária da floricultura Marrocos, no centro da Capital, a data não representa alteração no comércio. "De cerca de 10 anos para cá, o Dia de Finados não significa aumento nas vendas. A procura não aumenta nem 10%. O Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia da Mulher ainda são os campeões de vendas", analisa.

Cemitério São Sebastião é um dos de maior movimento da Capital. (Foto: Alcides Neto)
Cemitério São Sebastião é um dos de maior movimento da Capital. (Foto: Alcides Neto)
Banca da comerciante Rosilda tem local reservado há 18 anos. (Foto: Alcides Neto)
Banca da comerciante Rosilda tem local reservado há 18 anos. (Foto: Alcides Neto)
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