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Economia

Donos de postos aproveitam reajuste da gasolina e elevam lucro em 90%

Caroline Maldonado e Liana Feitosa | 10/02/2015 15:00
Há dez dias, o valor cobrado pela distribuidora passou para R$ 2,716, um aumento de apenas R$ 0,07, mas nas bombas é cobrada a média de R$ 3,465, o que significa alta de 0,43 (Foto: Marcos Ermínio)
Há dez dias, o valor cobrado pela distribuidora passou para R$ 2,716, um aumento de apenas R$ 0,07, mas nas bombas é cobrada a média de R$ 3,465, o que significa alta de 0,43 (Foto: Marcos Ermínio)

De carona no reajuste de R$ 0,22 nos impostos sobre a gasolina, os postos de combustíveis aumentaram a margem de lucro e o consumidor percebeu a diferença de R$ 0,43 no preço. Levantamentos da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) revelam que a margem subiu 90% em Campo Grande e 61%, em Mato Grosso do Sul, nos últimos quinze dias.

Há duas semanas, o preço do litro da gasolina na distribuidora era R$ 2,668 e, com margem de lucro de R$ 0,455, os postos vendiam ao preço médio de R$ 3,123. Depois do reajuste, os postos passaram a comprar o litro por R$ 2,727 e, com lucro de R$ 0,733, vender pela média de R$ 3,460 no Estado. Com isso, o preço para os postos ficou R$ 0,05 mais caro, mas subiu R$ 0,33 para o consumidor final.

Em Campo Grande, o preço da distribuidora era R$ 2,641, a margem era de R$ 0,393 e o preço médio do litro para o consumidor era R$ 3,034. Há dez dias, no entanto, o valor cobrado pela distribuidora passou para R$ 2,716, um aumento de apenas R$ 0,07, mas nas bombas é cobrada a média de R$ 3,465, o que significa alta de R$ 0,43.

A pesquisa mostra que a gasolina no Estado é a 5º mais cara do país. Conforme a ANP, o Acre lidera o ranking, com preço médio de R$ 3,624. Lá, a margem de lucro subiu R$ 0,11, nos últimos quinze dias.

Revolta - Absurdo e injustiça são as palavras mais usados pelos consumidores que comentaram o aumento. A cabeleireira Nathália Amaral, 29 anos, reclama que além de pagar mais caro sofre com as consequências do reajuste no comportamento de seus clientes.

“É um absurdo! Percebo, nitidamente, que quando o combustível aumenta as outras coisas também aumentam e as pessoas passam a tentar gastar menos. Sou autônoma e sinto na pele que as pessoas estão segurando os gastos. Então, o que não é prioridade, as pessoas deixam em segundo plano e procuram só o essencial”, lamentou.

Para o arquiteto João Alves, 58 anos, que gasta mais de R$ 500 com combustível, por mês, a situação é revoltante. “Isso é absurdo! É complicado demais pensar numa situação dessa, porque qualquer aumento nos combustíveis prejudica muito todas as pessoas, sobem todos os outros produtos e serviços. Se os donos estão lucrando demais isso é muito injusto com o consumidor”, disse.

Justificativa – O aumento além do reajuste tem seus motivos, segundo o Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul).

Os postos estão repassando aos clientes o aumento dos custos com energia e se preparando para o reajuste do dissídio coletivo do setor, que deverá aumentar os salários em torno de 6% ou 7%, conforme explicou o supervisor técnico do Sinpetro, Edson Lazaroto.

De acordo com Edson, o percentual ainda não foi definido. Ele lembrou ainda o encarecimento do diesel, cujo o preço médio do litro aumentou R$ 0,21, com a alta de R$ 0,15 sobre o PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). O óleo é utilizado para transportar a gasolina, por isso ela fica ainda mais cara.

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