Em leilão onde o “céu é o limite”, terá venda de “galinha a vaca OP”
Produtores rurais voltaram a se reunir, nesta terça-feira (12), para programar o Leilão da Resistência e, entusiasmados, afirmaram que o “céu é o limite” quando o assunto são os fundos a serem arrecadados. Por isso, o plano é vender, no dia 7 de dezembro, de “galinha a vaca OP (Origem Pura)”.
Segundo o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), só uma vaca OP pode custar até R$ 2 milhões. Ele, inclusive, está decidido a dar sua contribuição ao evento, mas não adiantou o item a ser doado.
De acordo com o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Chico Maia, vale tudo na hora de ajudar. “Vamos leiloar de tudo, galinha, grão, trator, boi, vaca, enfim, tudo o que estiver relacionado ao campo”, disse. Indagado sobre a arrecadação final, ele evitou estimar valores.
Para o vice-presidente da entidade, Jonathan Pereira Barbosa, “o céu é o limite”. “A mobilização é grande e todo mundo está disposto a chamar a atenção sobre a nossa causa”, comentou.
Cansado de esperar por ações do Poder Público, ele espera sensibilizar a sociedade a entrar na briga para evitar a “guerra no campo”. “Esse Estado vive do nosso trabalho senão só comia isopor”, ponderou o vice-presidente da Acrissul. “Seja grão, carne ou cana, tudo vem do campo”, completou.
Vítima da invasão de terras, Ricardo Bacha também está mobilizado com o leilão. “Sobrou pouco, mas vou contribuir e vamos arrecadar de galinha a vaca OP”, afirmou. Para ele, o “Estado se ausenta” na resolução do conflito e o jeito é unir a categoria.
O vice-presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Nilton Pickler, fez coro à queixa. “Estamos em uma terra sem lei, onde invadir propriedade não é mais crime, alguma reação precisa ser feita”, avaliou.
Com o dinheiro do leilão, o plano é patrocinar campanhas na mídia, pagar advogado nos impasses jurídicos e contratar seguranças para proteger as fazendas das invasões. Se o Governo Federal não cumprir promessa de apresentar uma solução para o impasse no dia 30 de novembro, os índios prometem intensificar as invasões.
Ontem (12), em Miranda, produtores impediram a invasão de uma nova área a tiros e até um trator foi queimado. “Novos confrontos estão por vir e algo precisa ser feito para evitar novas mortes”, apelou Chico Maia. Produtores e indígenas receberam em julho a promessa de ações por parte do governo pela paz no campo, mas, até agora, peregrinam de reunião em reunião, sem solução.