Evento discute formas de monitorar emissão do carbono na pecuária
Controle é um dos desafios para implementar a compensação pelo sequestro do gás
A compensação pelo sequestro de carbono é possível, mas ainda tem desafios a serem superados e depende do Governo Federal para ser colocada em prática. Um deles é a forma de monitorar a emissão desse gás, tema de um evento que começou nesta terça-feira (27) na Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
O gado e atividades industriais liberam concentrações de CO2 na atmosfera, que contribui para o efeito estufa. Em contrapartida, as plantas têm o poder de absorvê-lo, agindo em sentido oposto.
Lucimara Chiari, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias), afirma que o Brasil é tido como um dos maiores emissores de carbono do mundo na pecuária. O país assinou um pacto de reduzir a liberação do gás em 43% até 2030.
Em alguns países, existem limites legais de liberação de CO2. As propriedades que conseguem absorver mais gases do que produzem geram um crédito que pode ser negociado com as indústrias, por exemplo, que estão ultrapassando esse teto.
O problema, segundo Lucimara, é que há intenção de aplicar sistema parecido com esse no país, só que é mais fácil medir quanto uma fábrica gera de carbono, por exemplo, do que um rebanho. Pesquisadores devem apresentar durante o evento algumas possibilidades de fazer esse monitoramento.
Nos últimos 13 anos, o Brasil já conseguiu reduzir a emissão do carbono graças à redução do desmatamento, segundo Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Campinas. Em 2005 o país liberou 2,5 bilhões de toneladas do gás na atmosfera, enquanto atualmente está soltando cerca de 1,3 bilhão.
Ele estima que um sistema pecuário integrado à vegetação seja capaz de reduzir em mais 250 milhões de toneladas de CO2. Se o manejo for associado a uma política de reflorestamento então, o país com certeza vai bater a meta.
Políticas para a precificação, Acordo de Paris, inventários nacionais de emissões e panorama internacional estão entre os assuntos a serem discutidos por especialistas dos Ministérios da Fazenda; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações; Banco Mundial; Embrapa; Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA); WRI Brasil, dentre outros.
O Fórum é realizado pela organização WRI Brasil, Embrapa, Sistema Famasul e Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro-MS), com apoio da Fundação MS, CREA-MS, Reflore-MS, Rede de Fomento ILPF, Abrasel-MS e Sindicato Rural de Campo Grande.