Grupo não poupou na compra da Eldorado por enxergar 'chance de ouro'
A compra da Eldorado foi vista como “chance de ouro” pelos dirigentes da Paper Excellence, que arrematou a fábrica dos irmãos Batista por R$ 15 bilhões. O grupo, que pertence a uma família chinesa, mas tem sede na Holanda, tem outras sete unidades no Canadá e na França com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas.
Pedro Chang, presidente adjunto da Excellence, disse ao Valor Econômico que a recente aquisição permitirá a expansão dos negócios, já que eles trabalhavam com fibras longas e pasta mecânica de celulose, usadas na fabricação de papel cartão.
Já a Eldorado tem a fibra curta de eucalipto, usada nos papeis de imprimir e escrever. “Então é uma sinergia muito importante no nosso negócio, de continuidade, de crescimento e internacionalização, porque também queremos ser o líder global na indústria de celulose”, afirmou o executivo.
A Excellence, segundo ele, estava monitorando de longe as negociações com a chilena Arauco, que saiu na frente da disputa, conseguiu exclusividade, mas recuou diante do alto preço pedido pelos irmãos Batista. Os altos preços afastaram as concorrentes brasileiras interessadas na planta, que criticaram os valore desembolsados pela holandesa.
“ E por que eu quero ir para o Brasil? O Brasil, hoje, tem a qualidade da tecnologia que acredito ser a melhor do mundo. Se você quer construir uma fábrica do zero, isso custa muito mais caro. Talvez o custo fosse ficar muito mais alto. Quando você adquire uma fábrica de celulose, você não compra só a fábrica, você compra a tecnologia, as pessoas, os talentos. Custaria muito até começar a operar a fábrica. Achamos que o preço de R$ 15 bilhões, pelos nossos cálculos, é bastante razoável”, afirmou Chang.
Disputa - A chilena Arauco foi a primeira a entrar no páreo oferecendo R$ 14 bilhões pela Eldorado, conseguindo assim exclusividade de 45 dias nas transações. O prazo expirou sem que os executivos decidissem bater o martelo.
Se fechasse a compra, a companhia latino-americana concretizaria os planos de investir no Brasil. A empresa, que segundo o Valor é uma das maiores do setor florestal do hemisfério sul, tentou comprar um terreno em Inocência, em Mato Grosso do Sul, em 2011 para erguer uma fábrica. Além disso, ela também é dona de 40 mil hectares de florestas plantadas na região.
A companhia de celulose indonésia APP entrou na disputa oferecendo R$ 15,8 bilhões pela fábrica. As negociações estariam avançadas e a companhia se propôs a aceitar os mesmos termos contratuais da Arauco, que incluem a dívida de R$ 7,5 bilhões e o litígio com a Fibria, sobre plágio.