Lojas da Bigolin tinham só R$ 1.516 em caixa, mas dívida passa de R$ 100 milhões
Administrador prepara leilão de bens e quer aval para arrendar lojas a concorrente
Com falência decretada pela Justiça e dívida na casa de R$ 100 milhões, a Bigolin, no mercado há mais de 30 anos, tinha R$ 1.516 no caixa das duas lojas, que seguiam de portas abertas: uma em Campo Grande (R$ 1.346,70) e a outra em Três Lagoas (R$ 170).
Para assegurar o trabalho da administradora judicial, o juiz da Vara de Falências, Recuperações, Insolvência e Cartas Precatórias Cíveis, José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, determinou que a luz não fosse cortada nas lojas, mesmo com as contas de energia elétrica em atraso.
De acordo com José Eduardo Chemin Cury, representante da administradora judiciária Pradebon e Cury Advogados Associados, será feito um levantamento dos ativos (mercadorias, computadores, mesas, imóveis), que serão levados a leilão. Lei de dezembro de 2020 determina elaboração do plano de vendas em 60 dias e a realização do leilão em 180 dias.
O leilão tem três praças: primeiro, o bem é ofertado pelo valor de avaliação; no segundo, com desconto de 50%; por fim, por qualquer preço. O administrador judicial afirma que o montante do débito ainda é apurado, mas passa de R$ 100 milhões e os ativos não devem fazer frente ao valor.
Em 2016, quando teve o pedido de recuperação judicial deferido, o Grupo Bigolin tinha cinco empresas: Ângulo Materiais de Construção e Serviços, Bigolin Materiais de Construção, Casa Plena Materiais de Construção, D&D Comércio, Construção e Serviços e Nara Rosa Empreendimentos Imobiliários.
Agora, são somente duas ativas: Bigolin Materiais de Construção e Nara Rosa Empreendimentos Imobiliários. A administradora solicitou as matriculas do imóveis aos cartórios. A estimativa é que a corretora tenha cartela com seis imóveis. Os alugueis devem ir, agora, para uma conta bancária em nome da massa falida.
Os primeiros pagamentos serão para os funcionários. Por lei, a quitação dos débitos segue a seguinte ordem: trabalhista, garantia real, tributário e quirografário (credor que não possui um direito real de garantia).
Arrendamento – O administrador judicial vai levar à Justiça proposta de arrendar as lojas para concorrente. O grupo pagaria aluguel e manejaria o estoque, que tem perecíveis (tinta, argamassa).
“Em vez de ficar parado, entra dinheiro com base no arrendamento e garante emprego para parte dos funcionários. O grupo que arrendar teria direito de preferência no leilão do imóvel. É um modelo bastante inovador, que não está na lei, mas que estamos discutindo com o juiz”, afirma Cury.
A falência foi decretada em 19 de agosto por descumprimento do plano de recuperação. O Campo Grande News não conseguiu contato com a defesa do Grupo Bigolin nesta quinta-feira (2).