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Economia

Moratória de Bernal pode causar 10 mil demissões só na construção civil

Mariana Rodrigues | 11/09/2015 16:07
Foram suspensos pagamentos de serviços considerados não essenciais como fornecedores e prestadores de serviços. (Foto: Gerson Walber)
Foram suspensos pagamentos de serviços considerados não essenciais como fornecedores e prestadores de serviços. (Foto: Gerson Walber)

Com a suspensão de todos os pagamentos de obras, fornecedores e prestadores de serviços da Prefeitura de Campo Grande, cerca de 10 mil funcionários só do setor da construção civil podem ser demitidos. As demissões são apenas um dos reflexos da moratória oficializada através do decreto 12.712, publicado na edição de ontem (10) do Diário Oficial pelo prefeito Alcides Bernal (PP).

Segundo Amarildo Miranda Melo, presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção de MS), os impactos da moratória são negativos para o setor e vai agravar no número de demissões que vem crescendo a cada mês. Para ele, esse é mais um item que deve prejudicar o bom desempenho da construção civil. "A moratória vai agravar as demissões, o setor não tem mais confiança no poder público e agora temos essa surpresa com o governo municipal. Ninguém aguenta mais novas regras, surpresas novas em contratos", desabafa.

Amarildo justifica ainda que não tem lado político e que o maior problema é a insegurança jurídica, outro item que contribui para a instabilidade e falta de mercado de trabalho para a construção civil, hoje em Campo Grande. "É duro falar sobre o assunto, tentamos propagar coisas boas, mas não tem como melhorar, vivemos uma insegurança jurídica, não importa o prefeito que está à frente, só queremos uma estabilidade, esse é um desgaste não só para a construção civil, mas para toda Campo Grande", afirma.

Outros setores - Mas não é só a construção civil que reclama da moratória, com a suspensão dos serviços que não são considerados essenciais, as empresas param e começam a demitir, pois não vão manter 90 dias sem receber, é o que acredita o presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campo Grande) Hermas Renan Rodrigues. "Atraso de salário, demissão, juros altos cria retração do mercado. As empresas param e demitem, porque não vão manter 90 dias sem receber, e essas demissões vão impactar diretamente no comércio", diz.

Ele argumenta que a notícia é ruim para um momento ruim e vai exigir muito do empresário que terá que se desdobrar mais um pouco para minimizar quedas de consumo. "A cidade vai sofrer muito com isso e o comércio vai sofrer direta e indiretamente com essa medida do prefeito".

Para o presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), João Carlos Polidoro, o reflexo é negativo, e a quantia que o município vai deixar de pagar é muito expressiva. "Esperamos que ele resolva isso antes do prazo estabelecido, pois não importa o valor desse montante, os efeitos negativos vão se refletir no comércio da Capital", comenta Polidoro que acrescenta ainda que a medida vai atingir de forma direta o comércio onde haverá declínio nas vendas.

De acordo com Polidoro a moratória causa um efeito dominó no comércio da Capital. "As empresas que não vão receber não vão pagar, e assim suscetivamente. Isso vai ocasionar em desempregos e no declínio das vendas que já apresentam queda há alguns meses. O que esperamos é que isso se resolva logo".

O economista Sérgio Bastos acredita que a situação é muito ruim e negativa. "A prefeitura é um dos grandes compradores, tanto do comércio como serviços específicos, essa medida busca melhorar a situação financeira da prefeitura, mas traz um impacto negativo que vai comprometer as vendas do comércio e prestação de serviços", prevê.

Sérgio comenta ainda que pode haver queda na arrecadação de tributos, principalmente do ISS (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza). "Espero que o prefeito tenha avaliado essa questão, pois isso vai interferir na arrecadação deste imposto e ele tem que estar ciente do impacto geral de quanto de ISS deixaria de ser arrecadado, é um contraponto sobre a medida", finaliza.

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