Sem líder na Câmara, Bernal é cobrado a apresentar seus novos secretários
Sem nomear seu líder na Câmara Municipal, o prefeito Alcides Bernal (PP) foi cobrado nesta quinta-feira, 10, durante a sessão, sobre a demora na nomeação dos secretários de pastas importantes, como a Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) e Semed (Secretaria Municipal de Educação).
O nome do novo líder vai depender da composição das secretarias que ainda não tiveram seus titulares nomeados. Além das duas citadas acima, ainda teria a SAS (Secretaria Municipal de Políticas e Ações Sociais e Cidadania), a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, de Ciência e Tecnologia e Agronegócio); e os comandos da Funesp (Fundação Municipal de Esporte), Fundac (Fundação Municipal de Cultura) e da Funsat (Fundação Social do Trabalho). Esta última, anunciado hoje de manhã pelo secretário de Governo Paulo Pedra, que o retorno de Aldo Donizete, ligado à vereadora Luiza Ribeiro, do PPS.
Na sessão dessa quinta-feira na Câmara, o vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), que tem mantido um tom mais crítico em relação a gestão de Bernal, cobrou pressa ao prefeito para definir o titular da Seintrha que, para ele, é uma das mais importantes. “Recebemos diariamente solicitações da população sobre questões que depende da infraestrutura, transporte e habitação. Os buracos estão se multiplicando nas ruas. Essa secretaria não pode ficar tanto tempo sem comando”, questionou o parlamentar, que declarou entender a preocupação em encontrar um nome certo para o cargo, mas que já se passou cerca de 15 dias na administração.
Em relação a liderança e a base no Legislativo, Marcos Alex (PT), que foi líder do prefeito na primeira parte do mandato, disse que ainda está sendo conversado entre as forças políticas que apoiam Bernal na Casa para definir um nome. “Estamos costurando um nome. Estou à disposição do prefeito para jogar em qualquer posição”, comentou, referindo-se também ao fato de poder assumir uma secretaria municipal.
Marco Alex revelou que seu partido se colocou a disposição para colaborar com a gestão de Bernal e teria solicitado permanecer, pelo menos, com as secretarias que ocuparam na primeira parte do mandato, a Seintrha e a SAS, que eram ocupadas, respectivamente, por Semy Ferraz, já fora do PT, e a vereadora Thais Helena.
Ao ser questionado se o PT abriria mão de ocupar a Semed, que estava sendo cogitada para o ex-deputado federal Antonio Carlos Biffi, Alex disse que não “poderia abrir mão daquilo que não tinha. Pretendemos ficar ao menos com as que já tínhamos”, afirmou.
Alex não quis comentar os possíveis nomes para as duas secretarias, mas não escondeu sua vontade de ocupar a Seintrha. Porém, esclareceu que a Executiva do partido e a bancada municipal tem autonomia para discutir a situação, após definição do prefeito.
Airton Araujo (PT) disse que aguarda posicinamento do prefeito para saber se vai poder cooperar com a gestão e que o próprio Bernal teria dito a ele que vai usar o critério técnico para escolher os secretários, “para evitar erros anteriores.”
A vereadora Luiza Ribeiro (PPS) disse que a liderança na Casa será decidida após a formação da base no Legislativo. “O líder vai vir quando a base estiver definida e o PPS está disposto a colaborar”, garantiu. Para ela, no momento não é tão urgente a presença do líder, uma vez que não há projetos de interesse do Executivo na Casa e que todos que estavam para ser tramitado foram retirados com a volta do Bernal.
No entanto, na sessão desta quinta-feira os vereadores que apoiam o atual prefeito tiveram que se revesar para defender a administração por conta de problemas, deixados pela gestão anterior, que estão afetando a população, como a greve dos coletores de lixo e limpeza pública e a falta de merenda nas escolas municipais e centros de Educação Infantil (Creches).
Luiza Ribeiro disse que será muito difícil ela deixar a Câmara para assumir alguma secretaria municipal, em razão do fato de ser candidata à reeleição no próximo ano, que exigiria deixar o cargo para disputar as eleições. “Essa descontinuidade na função seria muito ruim, mas nosso partido tem bons quadros para colaborar com o governo municipal”, declarou.
Ninguém admite abertamente, mas o problema para a definição das secretarias de Infraestrutura, Assistência Social e Educação está dependendo de acertos internos no Partido dos Trabalhadores e o prefeito, que está utilizando o critério de pessoas técnicas com respaldo político. Parece haver problema em achar pessoas que atenda esse critério.
Base - Nesta segunda parte do mandato, a base do prefeito Bernal no Legislativo aumentou um vereador, passando para oito parlamentares com o novato Roberto Santana dos Santos, o Betinho (PRB). Soma-se a ele, os três petistas Thais Helena, Airton Araújo e Marcos Alex; Luiza Ribeiro; Derly dos Reis de Oliveira, o Cazuza (PP); José Chadid (sem partido); e o Eduardo Cury (PTdoB), que assumiu o lugar do colega Paulo Pedra (PDT), que foi para secretaria de Governo de Bernal.
Dos outros 20 parlamentares, considerando que o ex-presidente Mário César está afastado, muitos se declaram independentes e votam a favor de Campo Grande. O Campo Grande News ouviu alguns deles. Magali Picarelli (PMDB) foi citada por outro colega da base que seria um nome a compor com o governo do atual prefeito, mas não confirmou essa intenção, apenas disse que vai votar nos projetos que beneficiam o campo-grandense.
O mesmo discurso foi feito pelo também peemedebista Paulo Siufi, que revelou continuar votando em favor da cidade. “Não tenho nada pessoal contra o Bernal”, afirmou ele, acrescentando que vai manter a coerência em seu posicionamento na Casa.
Nessas duas semanas do retorno de Aldices Bernal à prefeitura, os parlamentares que mais têm usado a Tribuna com discursos oposicionistas são Carlão, o ex-líder do prefeito afastado Edil Albuquerque (PMDB) e Chiquinho Teles (PSD), que também já se declarou independente e questionava a gestão de Gilmar Olarte.
O secretário de Governo Paulo Pedra revelou hoje de manhã, durante evento na Esplanada Ferroviária, que o prefeito está trabalhando para conseguir uma base com pelo menos 14 parlamentares na Câmara, mas não quis detalhar como está articulando isso, ou quais secretarias seriam negociadas para atrair os vereadores a apoiarem a gestão de Bernal.