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Economia

Operação padrão da Receita lota pátio de porto seco em Corumbá

No Paraná, fila de mais de 3 mil veículos força criadores de porcos e aves buscar grãos em MS

Adriel Mattos | 12/02/2022 14:55
Lotação do pátio da Agesa preocupa direção. (Foto: Diário Corumbaense)
Lotação do pátio da Agesa preocupa direção. (Foto: Diário Corumbaense)

Completando 47 dias neste sábado (12), a operação padrão dos auditores da Receita Federal continua provocando filas nas unidades alfandegárias de Mato Grosso do Sul. Em Corumbá, o estacionamento da Agesa (Armazéns Gerais Alfandegados) está lotado de caminhões.

São cerca de 60 caminhões carregados com combustíveis para a Bolívia, que estão parados no porto seco, sem contar os veículos que transportam outras cargas. O diretor da Agesa, Edmar Figueiredo Cruz, relatou preocupação com a situação, que se arrasta desde dezembro.

“A Receita Federal está demorando vários dias para liberar os caminhões que ficam aguardando. Meu problema maior, é que estou com 60 caminhões carregados com combustíveis dentro da Agesa. Isso aí, é um perigo, vai que acontece algo, ainda mais com esse calor. O caminhão tem uma válvula e quando a pressão aumenta no tanque, ela solta vapor, e esse vapor para explodir é questão de minutos. Se alguém acender um cigarro, por exemplo, perto, há risco de uma explosão”, relatou Cruz ao jornal Diário Corumbaense.

Ele teme um acidente no local. “Imagina se um caminhão explode? Não dá nem para pensar. Estamos administrando, conforme vai tendo vaga, vamos liberando, mas não estamos conseguindo virar”, explicou.

A capacidade do estacionamento é de 500 veículos, e hoje está recepcionando 444. Há ainda cerca de 200 caminhões aguardando em outros locais.

“A situação atrapalha todo mundo, o comércio exterior, as transportadoras, prejuízo para todo mundo, porque a empresa transportadora está parada, não está faturando e em consequência, ela tem que cobrar estadia do exportador, eu tenho que cobrar estadia do caminhão que está parado aqui dentro, então, prejuízo para todo mundo”, lamentou Cruz.

Delegado regional em Mato Grosso do Sul do Sindifisco (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal), Alexandre Novaes explicou que cargas perecíveis, vivas e insumos de saúde são liberados.

“Combustível, apesar de perigoso não é perecível. Não há notícia se haverá algum trabalho extra, até por falta de gente, para liberar esses caminhões. Apesar de ser carga perigosa, não se enquadra como perecível, assim, não estaria nas prioridades”, destacou.

Paraná – A situação é ainda pior no estado vizinho, o Paraná. Em Foz do Iguaçu, a fila era de 3,8 mil veículos. Ao jornal O Estado de S.Paulo, o Sindifoz (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Foz do Iguaçu) estimou prejuízo diário de R$ 3,8 milhões para transportadoras e motoristas autônomos.

Nessa cifra estão incluídas despesas com estadia e custos fixos. “Isso não envolve os prejuízos por conta das cargas paradas”, disse Rodrigo Ghellere, presidente do sindicato.

A maioria dos caminhões carrega alimentos e cereais. Ghellere conta que cooperativas do Paraná que traziam cereais do Paraguai para fazer ração e alimentar suínos e aves estão buscando grãos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “As cooperativas ligaram o alerta porque pode faltar produto para fazer a ração.”

Entenda – A operação padrão está sendo realizada em todo o Brasil. Os auditores fiscais protestam desde 27 de dezembro contra o corte de R$ 1,2 bilhão do orçamento da Receita Federal para 2022 e do não cumprimento de acordo pelo governo federal para pagamento de bônus de produtividade. O movimento não tem data para terminar.

Ainda em dezembro, auditores fiscais que ocupavam funções de chefia nas unidades da Receita no Estado e em todo o país entregaram os cargos, incluindo os delegados e adjuntos das aduanas de Corumbá, Ponta Porã, Mundo Novo e Campo Grande.

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