Paraná dá início a procedimentos que podem tirar ferrovia até MS do papel
O Governo do Paraná deve abrir nas próximas semanas um edital para a elaboração do estudo de viabilidade econômica que pode ajudar a tirar do papel o ramal ferroviário entre Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, e Cascavel. O traçado de quase mil quilômetros ajudaria a escoar a produção de soja e milho no sul do estado até o Porto de Paranaguá.
Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul, afirma que se transformado em realidade, a linha reduz pela metade o preço do frete, o que beneficiaria o setor agrícola.
“Na verdade essa ferrovia é uma discussão muito antiga. Hoje os nossos caminhões saem da região sul do estado e vão até Londrina ou Cascavel e lá fazem o transbordo de trem até o porto de Paranaguá”, afirma.
Embora otimista, o secretário lembra que o estudo de viabilidade é a primeira etapa para destravar o projeto. “Depois será preciso buscar recursos e financiadores. Ainda não há uma definição se o investimento seria da Ferroeste ou se haverá uma concessão”, pontua.
Verruck acrescenta que a construção da linha férrea deverá ter custo altíssimo, já que será preciso construir uma ponte sobre o Rio Paraná. Será preciso, dessa forma, avaliar se a distância e o retorno financeiro compensarão o investimento.
“Do volume de carga, temos que lembrar que estamos criando outras alternativas de saída, como Porto Murtinho e a própria reativação da nossa ferrovia aqui. Então temos que avaliar se haverá volume de carga para direcionar a Paranaguá”.
A iniciativa em retomar a discussão sobre o ramal Dourados-Cascavel, segundo o titular da Semade, partiu da própria Ferroeste, pois se concretizado representa um incremento no volume transportado pela ferrovia, já que muitos caminhões seguem direto ao porto e passariam, dessa forma, a aproveitarem a ferrovia.
Concessão – Segundo informações do site Agro Negócio, o governo paranaense deve lançar também nas próximas semanas um edital para outro ramal férreo, desta vez entre Guarapuava e o porto.
O governo pretende ainda conceder à iniciativa privada o trecho de 248 km atualmente operado pela Ferroeste entre Cascavel e Guarapuava assim como o direito de exploração do trecho a ser construído em Mato Grosso do Sul.
Apenas 20% das 45 milhões de toneladas exportadas anualmente pelo Porto de Paranaguá chegam ao local pela Ferroeste.
Por outro lado, a ALL, concessionária dos trilhos que cortam o Paraná, é contra o projeto, já que ele criaria uma ferrovia concorrente. Segundo o Agro Negócio, a empresa afirma que pretende investir R$ 7 bilhões até 2030 para capacitar, modernizar e manter os corredores que atendem o norte e o oeste do Paraná.
A companhia ameaça acionar na Justiça cobrando o cumprimento de claúsula que a protege contra o desequilíbrio econômico-financeiro do contrato.