Preço da energia pesa no bolso e prejudica produção avícola estadual
Os impactos dos reajustes recentes na conta de energia preocupam todo o setor produtivo do Estado, que tem buscado apoio do governo para garantir a produção. Um dos segmentos mais prejudicados é a avicultura, onde 24,61% dos custos de produção, são gastos com energia. Está é a segunda maior despesa dos produtores, perdendo apenas para a mão de obra.
Há pouco mais de um mês a Avimasul (Associação dos Avicultores de Mato Grosso do Sul) se reuniu com secretários e solicitou ações para que o setor não tenha retrocesso em função do elevado custo para produzir. O setor teve a carga tributária estadual sobre a energia elétrica aumentada em 11,85%, em 2013, conforme a entidade. Os produtores agora pedem a revisão dos tributos sobre a energia e reclamam ainda do preço e da qualidade do serviço oferecido.
Os produtores citam o valor da tarifa do Paraná cobrado pelo kilowatt para comparar com o Estado. Levantamento feito pela Avimasul indica que a diferença é de 95% entre os preços praticados aqui e lá. A conta de um produtor daqui comparada com a de um avicultor do município de Toledo (PR) revela que eles pagam R$ 0,1780 pelo kilowatt, enquanto em MS é cobrado R$ 4,1959 pela mesma quantidade de energia.
A comparação foi um dos argumentos utilizados pelos produtores em reunião com a Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar), em março. Nesse aspecto, segundo o secretário-adjunto Jerônimo Alves Chaves, não se pode esperar igualdade entre a tarifa dos dois Estados. “No Paraná, a empresa de energia é sob comando acionário do setor público. Isso dá um diferencial. Quando o governo tem a própria estrutura é de uma forma, mas quando o serviço é privado, os mecanismos são diferentes”, explica Jerônimo.
Perdas - Os produtores reclamam ainda da qualidade do serviço de energia elétrica. Redes antigas estão sucateadas, segundo a associação. A energia oscila frequentemente e queima equipamentos, conforme as queixas dos produtores, que chegam também ao departamento de Economia da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
“Eles têm reclamado também da qualidade da energia. É mais uma despesa para eles, um segmento que tem uma receita tão estreita não pode ter essas perdas. Então a gente tem que olhar o problema do custo e da qualidade oferecida aqui no Estado”, comentou a gestora do departamento, Adriana Mascarenhas.
A especialista explica que não se espera queda de produção, mesmo em meio as dificuldades. “Acredito que é mais um comprometimento na receita do produtor. Acho que vai impactar mais na rentabilidade do avicultor do que no preço em si. O grande prejudicado vai ser verdadeiramente o produtor”, disse.
Apoio - O secretário-adjunto informou que, em breve, serão anunciadas medidas para apoiar o setor, com base em outras reivindicações dos avicultores. “O governo se debruçou em estudos em relação a inclusão do setor em programas de benefícios e nesta área avançamos, porque já havia estudos anteriores. Esperamos que o governador vá anunciar medidas de apoio ao setor não só em cima dos mais impactados, mas como forma também de contribuir para redução de custo de produção”, disse Jerônimo.
Quanto a questão específica dos custos com energia, o secretário-adjunto diz que o governo precisará de mais tempo para elaborar uma estratégia. “Não é o único setor que reivindica mudanças com relação a energia. O aumento impactou a todos e estamos fazendo uma avaliação um pouco mais ampla, porque alcança outros setores”, justificou.
A bovinocultura de leite e os sistemas de irrigação também estão entre os mais prejudicados com os reajustes da tarifa de energia, segundo Adriana. Para os pequenos produtores de leite, que têm tanques de resfriamento o aumento no custo de produção ficou em 18% com o aumento da energia, conforme a presidente da Cooperativa de Produtores de Leite de Terenos, Lucília de Almeida.
“O custo de produção do litro era R$ 0,50 e está subindo para R$ 0,68. É preciso usar o triturador para fazer ração, precisa da energia na ordenha, no resfriador. Então isso é muito grave”, comentou Lucília, ao destacar que o setor também espera um auxílio do governo para que não fique defasado. “Acredito que o Governo do Estado também tem interesse e vai comprar esse leite. Poderia por cerca de 25% desse leite na merenda escolar”, sugeriu.