Produtores vão apelar ao governo para evitar represamento de gado
Produção de carne da JBS caiu 39% em um mês e pode recuar ainda mais
Com a suspensão das atividades nos frigoríficos da JBS, os pecuaristas de Mato Grosso do Sul buscam saídas emergenciais para evitar o represamento de gado nas fazendas e reduzir a dependência do grupo da família Batista. Na segunda-feira (23), há reunião agendada entre o governo estadual e entidades que representam os produtores rurais para tratar do assunto.
Enquanto o setor se organiza para buscar alternativas de abates, os números mostram retrações acentuadas da produção da JBS em Mato Grosso do Sul, mesmo antes da intensificação, neste mês, das turbulências que envolvem a líder mundial em processamento de carne bovina.
Conforme dados da SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul), os frigoríficos da JBS no Estado abateram, em setembro, 80.436 bovinos. O número é 39% inferior ao de agosto, quando foram abatidos 111.928 animais.
No acumulado do ano, os abates das unidades do grupo caíram 12,26%, de 1.072.258 em 2016 para 940.772 em 2017 (no comparativo de janeiro a setembro). Em números absolutos, são 131.486 bovinos a menos. No total, o volume aumentou (embora, levemente), de 2.330.769 para 2.342.545 animais.
Neste mês, com a suspensão das atividades dos frigoríficos da JBS como resposta ao bloqueio de bens determinado pela Justiça a pedido da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), a redução da produção do grupo deverá ser ainda mais acentuada.
Ajuda do governo – “Temos duas propostas que serão apresentadas, na segunda-feira, para o governo”, afirmou o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa.
As propostas dos pecuaristas se relacionam a formas de compensação para saídas de gado do Estado. O presidente da Acrissul, no entanto, preferiu não detalhar as medidas a serem sugeridas ao governo.
Jonathan enfatizou que o problema não é local, uma vez que a JBS responde por parcela significativa do processamento de carne bovina no Brasil. Ou seja, não basta destinar o gado a outros estados, pois encontrarão situação parecida fora de Mato Grosso do Sul. Os pecuaristas precisam, neste sentido, conforme indica o presidente da Acrissul, auxílio do governo para atenuar possíveis prejuízos.
“O impacto é muito negativo à economia de Mato Grosso do Sul, devido à importância da pecuária bovina”, avalia o presidente da Assocarnes (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carnes de Mato Grosso do Sul), João Alberto Dias.
Para ele, os produtores estão em situação muito complicada, por não terem alternativas para escoamento do gado. “Eles vão tentar escoar para outras plantas, mas não há frigoríficos com capacidade instalada para suportar essa demanda”, considera.